29 de ago. de 2022

"TRAGAM-NO PARA CASA" - DIZ O PAI DE JULIAN ASSANGE

John Shipton. Photo Tree Faerie.

Eve Jeffrey, 26/08/2022

Julian Assange está trancado à chave há 13 anos. Durante esse tempo ele poderia ter criado um bebê até a adolescência ou ter feito um curso de medicina, estágio, residência, treinamento de GP, e ter tido um ano sabático. Nesse tempo, ele poderia também ter cumprido três mandatos como primeiro-ministro australiano.

Assange, o prisioneiro mais famoso do mundo, tem pessoas no exterior esperando por ele. Não apenas os milhares de apoiadores que fazem lobby e protestam, fazem arte e angariam fundos para vê-lo libertado, mas uma família:  pais, irmãos e uma esposa e filhos próprios. E seu pai, John Shipton.

Shipton parece que veio direto da Central de Estrelas de Hollywood. Um cavalheiro alto, bonito, elegante e digno fazendo o papel de um pai herói de Hollywood no caminho para salvar seu filho. Um filho injustamente aprisionado. O personagem seria um homem que está lutando contra um Golias, esperando um dia reunir em sua terra natal uma família espalhada pelo mundo - para recuperar a paz de espírito e a paz de coração...

Mas espere! Há um filme sobre isso. John Shipton e seu filho Gabriel Shipton, que é o produtor do filme, estão em Byron Bay para uma exibição de Ithaca: A Fight To Free Julian Assange [Ítaca: Uma luta para libertar Julian Assange]. Mas esse filme não é um conto de fadas de Los Angeles e pode não ter um final feliz. É um documentário sobre um filho de verdade que está apodrecendo na prisão de Sua Majestade, Belmarsh.

                               

Just bring him home. Photo Tree Faerie.

  Belmarsh não é um passeio no parque. Neste drama da vida real, Assange está em uma prisão de segurança máxima "Categoria A", o que significa que Assange é considerado altamente perigoso para o público e/ou para a segurança nacional. Prisões de Categoria A abrigam assassinos, estupradores, ladrões armados, sequestradores, traficantes de drogas e explosivos e terroristas. Você não encontrará aqui os fumantes de maconha e os fraudadores.

   Shipton é envolvente e humilde - uma figura simpática. Alguém que você quer ver vencer. Não há nenhum flash ou glamour, apenas um homem calado e sincero fazendo o melhor por seu filho. É de partir o coração vê-lo lutar com a linguagem quando suas emoções estão tão desordenadas.


 Grandes apoios

                                   

John é imensamente grato aos apoiadores de Assange - pessoas comuns, que estão abrindo mão de seu tempo e energia. Os artistas, em particular, ocupam um lugar caloroso em seu afeto. Eles são fabulosos. Há uma exposição em Leipzig no momento, há outra em Viena, outra em Paris, e depois, é claro, há os locais dos Rios do Norte.         

"Houve uma grande exposição em Colônia, na qual 24 artistas apresentaram trabalhos. Há também um site que acumula todos estes projetos, e há Ai Weiwei; os artistas não hesitam. Leunig, por exemplo, é um apoiador, suas obras são ouro puro. Roger Waters é muito comprometido'.

Shipton diz que Julian vê as obras de arte - ele recebe cartões e cartas, e as pessoas enviam notícias e livros.

                                 

Vista aérea da prisão de Belmarsh

'É uma prisão de segurança máxima, então você tem que passar por quatro portais seguros. Você é despojado de tudo - você não pode levar papel, então você tem que memorizar tudo. Então, antes de entrar na sala de reuniões, você é revistado novamente e depois os cães farejadores farejam você entrando. 

Quando você entra na sala de reuniões, ela está cheia de câmeras [de alta fidelidade].

'Sempre que estamos em Londres, visitamos, mas na maioria das vezes apenas viajamos incessantemente ao redor do mundo construindo o apoio social e depois convertendo isso em apoio político'.

Shipton diz ter visto Assange há cerca de três semanas e que ele não está bem. "Ele teve um derrame há cerca de três meses, um mini-avc. Seu olho esquerdo é um pouco assim [John pisca os olhos]. Há relatórios sobre sua saúde - um apresentado formalmente ao tribunal pelo professor [Dr. Michael] Kopelman sobre sua saúde mental.

Há outro relatório feito pelo relator das Nações Unidas sobre tortura, Professor Nils Melzer, que em meados de 2009 levou dois médicos especialistas com ele para examinar Julian na prisão de Belmarsh. Eles chegaram à conclusão de que ele estava sofrendo os efeitos da tortura psicológica.

                                         

Nils Melzer

É interessante porque TODAS as torturas visam a mudanças psicológicas. Coisas como não saber onde está, detenção arbitrária".

"Se você me permite mais um pequeno aparte": Em 1948 Herbert Vere Evatt, o primeiro Presidente das Nações Unidas da Austrália, foi coapresentador, junto com Eleanor Roosevelt dos Estados Unidos, da Declaração Universal dos Direitos Humanos na primeira Assembleia Geral das Nações Unidas.

A Austrália, em 1973, apresentou à Assembleia Geral das Nações Unidas, para ratificação, as Convenções Sobre Asilo. Todos os autores destes maravilhosos artefatos civis do final do século 20 acharam por bem ignorar suas próprias criações".

Shipton tem opiniões fortes sobre o sistema judiciário britânico. "Pensa-se muitas vezes que na perseguição de Julian Assange, o Reino Unido age como representante dos Estados Unidos. Bem, o Código de Nuremberg diz especificamente que se você o faz, você não pode dizer que alguém lhe disse para fazê-lo. Eles o fizeram.

Eles mantêm desproporcionalmente Julian incomunicável em uma prisão de segurança máxima". Eles conspiraram com a autoridade promotora sueca e com o Ministério Público da Coroa do Reino Unido para manter Julian na embaixada.

Recusaram-se a realizar uma entrevista sob assistência jurídica mútua, que está disponível para entrevistas na Inglaterra. I Os promotores suecos poderiam ligar a TV [uma tela] e entrevistar Julian.

Julian levou três casos ao nível federal até o tribunal federal na Suécia, exigindo que a Suécia prosseguisse com o caso, para encaminhar o caso. Assim, entre esses dois elementos, obtemos um entendimento diferente do que o Reino Unido estava tramitando.

Tivemos diante de nossos olhos e-mails do Ministério Público da Coroa para a Procuradoria da Suécia: "Você não está ficando com os pés frios sobre isto [perseguir Julian], está? Isto é mais do que uma simples extradição".                                                                                                                


"O que você pode fazer com essas pessoas?"


 É o devido abuso de processo, irregularidades processuais, a desproporção de manter Julian - um editor que nunca fez nada errado! Ele é um prisioneiro em prisão preventiva. Ou seja, ele é inocente.  Ele não tem sequer uma multa de estacionamento e está preso há 13 anos, e o mantêm em uma prisão de segurança máxima, incomunicável - isso em si mesmo é outro crime sangrento.

Portanto, o Reino Unido é um participante. E que a Austrália ignore estas coisas, faz com que a Austrália seja cúmplice.

"Você não pode se importar, e não faz. Você não se importa, você ignora - isto é, você se torna cúmplice ao ignorar, ao aceitar.

Shipton não sabe o que diria se tivesse dois minutos do tempo de Joe Biden. “Imagino que se encontrasse Joe Biden, sairia correndo depois e tomaria um banho de sauna ou algo para tirar a podridão da carne. Essas pessoas estão levando os Estados Unidos por um caminho do qual não há como voltar atrás.

Não consigo imaginar o que eu diria a ele. Você sabe que ele tem um filho que morreu em um acidente de carro. Outro que destrambelhou. Um viciado em crack. Ele é supostamente católico, vai à igreja regularmente. Ele é da minha idade - imagino que dois pais com filhos em dificuldades possam ter um ponto de convergência em algum lugar ao longo da linha. Isso poderia ser usado como ponto de partida'.                                              

Shipton diz que todos os candidatos bem-sucedidos às eleições federais de 2022 tinham uma plataforma, de uma forma ou de outra, de trazer Julian para casa na Austrália. O Partido Trabalhista, os Verdes, os marrecos e os Independentes, todos eles - cada um deles. Alguns do Partido Nacional, no caso de Barnaby Joyce, e alguns de Pauline Hanson's One Nation - todos eles ofereceram apoio a Julian. Portanto, não é um exagero dizer que foi uma eleição sobre Assange. E Assange a ganhou para essas pessoas. Esperamos agora que eles honrem suas promessas, e que ajam decentemente em relação à política que foi o núcleo central de suas preocupações".

 

Tragam-no para casa


O que eu diria a Anthony [Albanese]? Bem, eu acho que diria: Demonstre sua sinceridade e diga-nos o que você fez e como podemos ajudar. Nossa atitude é gerar apoio político para que o Primeiro-Ministro e seus ministros atuem de boa fé em suas indicações anteriores e lhes deem a espinha dorsal ou a estrutura, através de nosso apoio, a fim de dizer aos Estados Unidos, "nós só queremos que Julian volte para casa". Não queremos ver um filho da Austrália, que fez uma imensa contribuição para a compreensão mundial de como os governos fazem as coisas - não queremos vê-lo morrer em uma prisão americana". Tragam-no de volta para casa".

 

 

Disponível em https://www.echo.net.au/2022/08/bring-him-home-says-julian-assanges-father/

Tradução: Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba com Sandra Fernandes Erickson 

                                       

Cuba e o Mais Médicos, 9 anos depois (Folha de São Paulo 28-08-2022)

 

Cuba e o Mais Médicos, 9 anos depois

Vê-se agora que fim injustificado trouxe efeitos dolorosos aos brasileiros

·          

28.ago.2022 às 21h00

·          EDIÇÃO IMPRESSA

Pedro Monzón

Cônsul-geral de Cuba em São Paulo

    O programa Mais Médicos, que se iniciou em 8 de julho de 2013, desempenhou um papel muito importante na promoção da saúde no Brasil. Seu propósito foi captar médicos no próprio país e no mundo para trabalhar nas zonas pobres e afastadas do país.

     A participação cubana, até 2018, foi muito efetiva. Organizou-se sobre a base de um projeto de cooperação técnica entre a Organização Panamericana de Saúde e os ministérios de Saúde de Cuba e do Brasil. Teve a virtude de não constituir uma competição —os cubanos ocuparam postos não cobertos por médicos brasileiros ou estrangeiros.

Impacto da saída de médicos cubanos

Ambulância fazem o atendimento emergencial a pacientes da UBS do povoado de Tingui, na BA, e os encaminha para outra unidades Adriano Vizoni/FolhapressMAIS 

1.            

     É reconhecido em todo o Brasil que Cuba teve uma presença proeminente, fato confirmado com dados. Os médicos cubanos representavam 80% de todos os participantes do programa. Em cinco anos, o total do pessoal cubano da Saúde alcançou 20 mil colaboradores. No momento em que a iniciativa foi suspensa, havia mais de 8.000 médicos cubanos no Brasil. Os profissionais da ilha atenderam cerca de 113 milhões 359 mil pacientes em mais de 3.600 municípios, dos quais 700 tiveram serviços médicos pela primeira vez em sua história. Os cubanos cobriram um universo de cerca de 60 milhões de pessoas em zonas de pobreza extrema e, em particular, nos 34 distritos especiais indígenas.

Nos lugares em que trabalharam, todos os indicadores de saúde melhoraram ostensivamente, os índices de mortes foram reduzidos e evitou-se o sofrimento desnecessário por doenças curáveis.

O papel dos médicos cubanos foi reconhecido pela população, que sofreu muito com sua partida. Segundo investigação encomendada pelo Ministério da Saúde do Brasil à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), 95% dos entrevistados confirmaram a alta consideração do povo brasileiro pelo trabalho dos médicos cubanos. Sempre foram distinguidos por seu profissionalismo, caráter amistoso e sua capacidade de se misturar com o povo.

1.           

Alexandre Almeida e Simone Ferreira e os filhos na Bahia; o mais novo teve o pré-natal feito por cubanos Fernando Vivas/FolhapressMAI

 

   Tanto no Brasil como em outros países, assumiram muitos riscos de contágio de doenças perigosas. Tal conduta se explica pelo fato de que os médicos cubanos são educados sobre a base de valores e a concepção de que a saúde é direito humano, e o paciente não é mercadoria.

Não é algo excepcional: esse comportamento caracteriza toda a colaboração internacional de Cuba nas últimas seis décadas. Nesse período, mais de 605 mil médicos apoiaram mais de 170 nações, geralmente as mais pobres, nas quais atenderam comunidades humildes que habitam regiões intrincadas.

 

1.           

Cerca de 400 médicos deixarão o Brasil nesta quinta (22) pelo aeroporto internacional de Brasília Pedro Ladeira/FolhapressMAIS 

 

 

Com esses antecedentes, é obvio concluir que as causas que provocaram o fim da participação de Cuba no programa Mais Médicos foram completamente injustificadas —e o resultado, desnecessário e doloroso para os cidadãos brasileiros, que ficaram sem serviços médicos, precisamente nos prelúdios da pandemia.

Os povos do Brasil e de Cuba têm muito em comum e possibilidades infinitas de intercâmbio, tendo em conta nossas respectivas fortalezas. Por isso, estamos seguros de que, no futuro, serão criadas condições para empreender projetos fraternais nesta e em outras esferas.


                      


 

26 de ago. de 2022

POR QUE NÃO QUEREM QUE A ESQUERDA FALE NA ONU ?


Arleen Rodríguez Derivet

    Uma nova e muito perigosa campanha contra a esquerda latino-americana acaba de começar nos Estados Unidos. De acordo com El Nuevo Herald: Na quarta-feira, o senador da Flórida Rick Scott  pediu ao presidente Joe Biden para negar vistos aos líderes de Cuba, Venezuela e Nicarágua e suas respectivas delegações para que não possam viajar a Nova York para participar da Assembleia Geral das Nações Unidas em setembro. Na carta obtida pelo Herald na quarta-feira, o republicano da Flórida instou o presidente a "defender a liberdade e a democracia na América Latina e fazer a coisa certa para proteger os interesses de segurança dos Estados Unidos, negando a entrada a esses três bandidos e seus comparsas".

   Na opinião de Reinier Duardo, esta já é uma estratégia clássica: um senador de extrema-direita pede ao presidente do país anfitrião da ONU que evite a presença de presidentes de esquerda no país. Não importa que se trate de uma violação aberta das leis que regem as relações internacionais. Uma campanha será realizada e já aconteceu mais de uma vez que os Estados Unidos obstruem, dificultam e criam problemas para os representantes legais de outros países.

  Depois apelam para argumentos de sua própria autoria de que "eles são países que patrocinam o terrorismo" e outras invenções do gênero. O objetivo é impedir que as vozes dessas nações sejam ouvidas na ONU.

    Na notícia, foi lembrado que desde 1960 eles atentam contra a Revolução  como a recusa de acomodar a delegação cubana no hotel planejado. Fidel disse então que eles seriam instalados em barracas nos jardins da ONU e foi quando a solidariedade do bairro negro de Harlem os acomodou no Hotel Theresa, em um episódio que faria história.

  Fizeram história da mesma forma todos os seus discursos no pódio da Assembleia Geral, ao qual se somariam outros momentos lendários com Che, Roa e mais tarde Chávez, Correa, Evo e outros líderes latino-americanos. Os Estados Unidos não podem impedir, mas bloqueiam, obstruem e pressionam as delegações. E a carta do senador republicano é um aviso de que eles tentarão fazer isso novamente.

                         

                        A VERDADE MATA A MENTIRA 

    O programa começou com um comentário sobre o evidente declínio no nível de notícias falsas sobre Cuba. No lado negativo, os comentários, insultos, grosserias e as matrizes de opinião do estado falido, "socialismo é pobreza", "eu odeio o comunismo" permanecem, mas é evidente que o volume de mentiras caiu.

    Na opinião do analista, há vários fatores que convergem em um fato: a verdade é uma força muito poderosa. E desde os dias do incêndio em Matanzas, a mídia pública cubana tem preenchido cada espaço com a verdade, deixando pouco ou nenhum espaço para as invenções falsas.

Mais tarde, as medidas no mercado de divisas e no comércio exterior e interno foram amplamente explicadas e, mais recentemente, a explicação ampla e profunda das causas da crise na geração de eletricidade confirmou que uma informação pública mais imediata e transparente neutraliza as tentativas de distorcer a realidade.

   Como exemplo, destacou-se a coletiva de imprensa do Dr. Jorge González sobre os companheiros mortos no cumprimento do dever no incêndio de Matanzas. Dificilmente há uma notícia mais dura, mas foi divulgada com absoluta transparência e imediatismo, evitando especulações sobre uma questão tão sensível. A informação mata a desinformação. E a verdade mata a mentira.

     O que não diminuiu em nada é a campanha contra o socialismo; A guerra midiática contra tudo o que significa um giro para a esquerda ou mesmo para o centro.

  Nas últimas horas, a notícia foi o assédio contra Cristina Fernández na Argentina, para quem outra lei ou processo judicial está sendo preparado para impedi-la de se tornar presidente no próximo mandato. Assim como o assédio ao qual está sendo submetida pelo FBI, a Brigada Juan Rius Rivera em Porto Rico. Mais ou menos o mesmo que o que está sendo orquestrado contra Carlos Lazo, intimidando qualquer um que se atreva a expressar qualquer aproximação ou simpatia pela esquerda e pelo progressismo. A "direitização" vem da Europa, mas se alastra especialmente na  direita estadunidense. Imagine os republicanos atacando Biden acusando-o de ser um marxista.

   As primárias para as eleições que garantem o dinheiro do contribuinte estão concentrando os debates nos dias de hoje na política interna. E como nenhum dos lados tem propostas interessantes para o povo, eles se acusam mutuamente de algo que nem sabem o que significa

     Enquanto isso, nos canais do Youtube dos detratores só se encontra bobagens, banalidades e muita vulgaridade. Esperamos que um dia não tenhamos sequer que ouvi-los para desmenti-los. Hoje eles caíram sob o fogo da verdade. Que assim seja, mesmo que a falta de mentiras nos deixe sem tópico para confrontar.


http://www.cubadebate.cu/especiales/2022/08/25/chapeando-por-que-no-quieren-que-la-izquierda-hable-en-la-onu-podcast/

Tradução e edição : Carmen Diniz/Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba 

                                    


22 de ago. de 2022

GOVERNO DA AUSTRÁLIA E A OMISSÃO FRENTE À PRISÃO DE JULIAN ASSANGE

                                           


PAUL GREGOIRE

Sondagem do Senado revela que  o governo Albanese não está tomando medidas por Assange.

  O premiado jornalista e 'contador de verdades' australiano Julian Assange é mantido sob custódia em nome dos Estados Unidos na famosa prisão Belmarsh de Londres por três anos.

  O tratamento do fundador do Wikileaks no Reino Unido foi considerado tortura pela ONU e comparado ao "assassinato em câmera lenta" por seu irmão.

  Com a chegada ao governo  de  Anthony Albanese em maio, os numerosos apoiadores de Assange tinham a esperança de que ele agiria para pôr fim ao processo extralegal contra um filho da Austrália.

   De fato, o novo primeiro-ministro disse "basta" em relação ao caso do fundador do WikiLeaks em fevereiro de 2021, e  Albanese foi um dos únicos 36 parlamentares a assinar uma petição pedindo que Julian fosse trazido de volta à Austrália em 2019.

   Em resposta a uma pergunta sobre o que seu governo estava fazendo sobre Assange em uma entrevista coletiva em 31 de maio, Albanese declarou: "Minha posição é que nem todas as relações exteriores são melhor feitas em alto som".

    Entretanto, durante o período de perguntas em 4 de agosto, o senador dos Verdes, David Shoebridge, perguntou ao trabalhista Don Farrell em que consiste a "diplomacia silenciosa" de seu governo em relação a Assange, e a resposta sugeriu que basicamente não significava nada.

Senador David Shoebridge questiona Don Farrell sobre Assange


Assistindo passivamente

   "O que exatamente o governo está fazendo para garantir a libertação deste cidadão australiano, jornalista e denunciante?" perguntou Shoebridge.

   Farrell respondeu que o governo ainda é da opinião de que os procedimentos de Assange foram muito longos e "devem agora ser encerrados".

    "Mas", acrescentou o senador trabalhista, "vale a pena notar" que o caso estava sendo realizado entre os EUA e o Reino Unido, "um sistema legal que respeitamos".

     "Nosso governo, fui aconselhado, não pode intervir nos assuntos legais de outro país, assim como não gostaríamos que esses países interviessem em nosso processo legal", prosseguiu Farrell. "Continuaremos a acompanhar o caso de perto e continuaremos a buscar garantias".

    Esta resposta parece implicar que em junho e julho, enquanto os apoiadores de Assange especulavam sobre o tipo de urgência que o novo Primeiro Ministro estava trazendo às circunstâncias a que um australiano está sendo submetido nas mãos de dois dos aliados mais próximos de nossa nação, nenhuma ação direta estava sendo tomada.

    Uma outra pergunta de Shoebridge sobre por que Albanese não tinha se encontrado com o pai de Julian, John Shipton, e o irmão, Gabriel, resultou que Farrell, que estava representando o Primeiro Ministro, não respondeu diretamente, mas declarou que ele tinha se encontrado com seu pai, e estendido o apoio consular.

    Dada esta resposta, parece agora que além de ter deixado claro que o caso de Assange "se arrasta por muito tempo", a abordagem do governo de Albanese não é tão diferente da do ex-Primeiro Ministro Scott Morrison, que envolvia a assistência consular fornecida com "nenhum tratamento especial".


Atirado aos cães

    "As respostas dadas hoje pelo Senador Farrell em nome do Primeiro Ministro levam a algumas conclusões muito perturbadoras", disse Shoebridge à Câmara mais tarde durante a sessão.

    "A conclusão mais perturbadora é que parece que a diplomacia tranquila, pelo menos até onde o Senador Farrell foi informado, equivale a muito pouca, se alguma, diplomacia".

    O porta-voz da justiça dos Verdes acrescentou que a "conclusão preocupante" que se segue é que o governo trabalhista não fará nada para tentar impedir a extradição de Assange, ou sua subsequente acusação e condenação nos EUA por espionagem com 175 anos atrás das grades.

    Neste momento, a equipe jurídica de Julian está se preparando para um último recurso ao Supremo Tribunal do Reino Unido contra sua decisão de extradição.

    Os médicos de Assange advertem que ele pode morrer na prisão devido a problemas de saúde, enquanto o jornalista veterano John Pilger disse recentemente que ele e a família do homem nascido em Townsville temem que se o fundador do WikiLeaks for enviado para os EUA, isso marcará seu fim.

    "Os EUA buscam a extradição de Julian do Reino Unido e, nesse processo em si, os direitos de Julian foram abusados", sublinhou Shoebridge. "Ele está detido por três anos em segurança máxima na prisão de Belmarsh e, se condenado, enfrenta efetivamente uma sentença de morte".


    https://www.sydneycriminallawyers.com.au/blog/senate-probe-reveals-that-albanese-is-not-taking-action-on-assange/

Tradução : Carmen Diniz/ Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba



19 de ago. de 2022

DEIXEM CUBA VIVER EM PAZ ! Assine a petição ao presidente Biden #CubaSalvaVidas

                                  

    O governo dos EUA incluiu mais uma vez o nome de Cuba como um "Estado patrocinador de terrorismo" em uma lista unilateral que criam. Aparentemente um ato isolado e hostil e sem maiores consequências. Esta inclusão, no entanto,  se reflete em muitos setores da economia internacional e prejudica a economia cubana em muitas esferas. É mais uma sanção que aquele país do norte impõe a Cuba.

     É do povo estadunidense organizado que surge uma ação para reivindicar ao presidente a exclusão de Cuba desta lista.  Codepink é uma organização não governamental estadunidense fundada em 2002 por mulheres contra as guerras (Women for Peace) e que atua em muitas causas. Aqui no link as atividades que se referem a Cuba:   

                https://www.codepink.org/cuba

                                     


      A mais recente campanha relacionada a Cuba é exatamente a reivindicação pela retirada  do nome da Ilha da referida lista. Abaixo a tradução da petição ao Biden e o link para assinar:


Cuba não é um Estado Patrocinador do Terrorismo!

Uma política crucial da administração Trump permanece, e essa é a presença de Cuba na lista dos Estados Patrocinadores do Terrorismo.  É fundamental para a capacidade de Cuba de prosseguir com atividades econômicas, comerciais e humanitárias que ela seja retirada imediatamente da lista - um poder dentro da autoridade de Biden.  Por favor, assine nossa petição à Casa Branca pedindo que Cuba seja retirada da lista.

 

 

Prezado Presidente Biden,

 

Estamos preocupados que suas políticas em relação a Cuba, que se assemelham mais às do Presidente Trump do que às do Presidente Obama, estejam prejudicando o bem-estar do povo cubano. Embora sua recente flexibilização das restrições de viagem e remessa seja útil, ela não é suficiente. Uma medida positiva e de princípios que você poderia facilmente implementar seria retirar Cuba da lista de Estados patrocinadores  do terrorismo.

Como o senhor sabe, nos últimos dias da administração de saída da Trump, o então Secretário de Estado Mike Pompeo colocou Cuba novamente na lista de Estados patrocinadores  do terrorismo, depois que a administração Obama-Biden a retirou da lista em 2015.  Após uma importante revisão, a Casa Branca presidida por Obama-Biden certificou que "(i) o Governo de Cuba não forneceu qualquer apoio ao terrorismo internacional durante os seis meses anteriores; e (ii) o Governo de Cuba deu garantias de que não apoiará atos de terrorismo internacional no futuro".  

 A reinserção de Cuba na lista Trump foi um ato político para agradar aos conservadores cubano-americanos. A justificativa utilizada foi a de que Cuba estava fornecendo refúgio aos insurgentes colombianos, mas esses insurgentes estavam em Cuba devido ao papel da ilha em facilitar os históricos Acordos de Paz entre o governo colombiano e um grupo guerrilheiro.  As atividades dos insurgentes anos atrás durante a guerra civil colombiana não correspondem à definição de terrorismo internacional, e os representantes da guerrilha estiveram em Cuba como parte de um processo de negociação de paz reconhecido internacionalmente apoiado pelos Estados Unidos, Noruega, Colômbia e outras nações.

 Ao constar nesta lista, Cuba está sujeita a uma série de sanções internacionais e restrições financeiras que limitam sua capacidade de conduzir transações financeiras críticas para fazer avançar seus esforços contra a pandemia e reativar sua economia.

 As dificuldades econômicas para as quais contribuíram as sanções dos EUA levaram à emigração massiva de cubanos, o que agora representa um grande desafio aos interesses de segurança na fronteira dos EUA, além de causar uma crise humanitária ao próprio povo cubano que a administração dos EUA afirma apoiar.

 Longe de apoiar o terrorismo, Cuba tem uma longa história de fornecer assistência médica e salvar vidas em todo o mundo. Desde 1963, mais de 600.000 trabalhadores médicos cubanos prestaram serviços de saúde em mais de 160 países, combatendo doenças desde Ebola até a COVID-19. Em vez de trabalhar com Cuba para prestar assistência médica em todo o mundo em meio a uma pandemia global, o governo dos Estados Unidos tem sancionado Cuba e sufocado sua economia com um brutal bloqueio.

O imenso poder do governo americano sobre o sistema financeiro global significa que os bancos e comerciantes se recusam a fazer negócios com Cuba porque temem represálias do governo americano por não cumprir com o bloqueio. Mesmo durante a pandemia, as empresas se recusaram a vender matérias-primas, reagentes, kits de diagnóstico, remédios e uma série de outros materiais necessários para administrar o excelente, mas prejudicado, sistema científico e de saúde pública cubano.

 Presidente Biden, o senhor pode retirar Cuba desta lista de terroristas com apenas uma assinatura. Pedimos que o faça.

 

Sinceramente,

          

            https://www.codepink.org/orgs-cuba-no-terror




Edição e tradução: Carmen Diniz/ Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba 

                                         


 

18 de ago. de 2022

SOBRE A TRAGÉDIA DE MATANZAS: PRESIDENTE DECRETA LUTO OFICIAL #FuerzaMatanzas

                                 

Em homenagem aos mortos no cumprimento do dever durante o incêndio na base do superpetroleiro Matanzas, o Presidente da República de Cuba decretou o luto oficial das 6:00 da manhã do dia 18 de agosto até as 12:00 da tarde do dia 19 de agosto.

Durante o período de luto oficial, a Bandeira da Estrela Solitária deve ser hasteada a meia haste em edifícios públicos e instituições militares.

     

Dr Jorge González Pérez, 

Cuba: busca e identificação dos desaparecidos no incêndio em Matanzas, 14 restos esqueléticos encontrados, mas identificação completa é impossível

O doutor em Ciências Jorge González Pérez, presidente da Sociedade Cubana de Medicina Legal, informou em uma coletiva de imprensa sobre o processo de busca e identificação das pessoas desaparecidas no incêndio em grande escala na base do superpetroleiro Matanzas, em 5 de agosto. (...)

González Pérez comentou que, em preparação ao trabalho, foi realizada uma modelagem do que poderia ser encontrado.

"Em um incinerador de cadáveres como os de Cuba ou em qualquer outro país do mundo, em duas horas, a 800 graus centígrados, um corpo é transformado em cinzas. Assim, com base neste conceito, a primeira modelagem que fizemos foi que, se as condições lá fossem devidas ao efeito das chamas, tudo poderia ter desaparecido. 

( Se chegou à conclusão que as temperaturas chegaram entre 1 000 e 2 000 graus centígrados)  

Em outras palavras, ele reiterou, "a primeira modelagem foi que não íamos encontrar nada e que era tudo cinza dissolvida no combustível que havia sido derramado". (...)

Ele explicou que, embora os especialistas estivessem prontos em Matanzas, eles tiveram que esperar até que a área fosse extinta para iniciar a investigação no terreno.  

"Tivemos que entrar quando ainda existiam áreas em chamas. Havia fumaça, tínhamos que entrar e sair. Havia colegas cujos sapatos derreteram por causa do calor intenso no chão. Houve dificuldades que foram superadas com o passar do tempo e pela ação da equipe extintora que estava constantemente presente, para nos proteger.

González Pérez explicou que a investigação mostrou que havia 30 pessoas ao redor do tanque 51, que foi descoberto a partir de vídeos realizados por jornalistas e pelos órgãos da Minint e das FAR, utilizando drones (...)

O Doutor em Ciências explicou que, neste caso, dado que os restos encontrados foram submetidos a altas temperaturas durante muito tempo, não é possível aplicar a extração de DNA. 

"Portanto, sob estas condições, nossa equipe foi capaz de estabelecer que é impossível identificar absolutamente os restos mortais. O que explicamos aos parentes é que temos 14 grupos de restos esqueléticos que correspondem às 14 pessoas desaparecidas, mas que não podemos distinguir ou diferenciar um do outro e nomear esses restos".

Questionado pela imprensa nacional e estrangeira, o presidente da Sociedade Cubana de Medicina Legal explicou que os especialistas e cientistas têm as listas dos desaparecidos, sua idade e caracterização, "mas não cabe a mim, nem tenho autoridade para transmitir esta informação". Depende da família".

 Vídeo sobre a identificação:


https://cubaenresumen.org/2022/08/17/cuba-busqueda-e-identificacion-de-los-desaparecidos-en-incendio-en-matanzas-halladas-14-agrupaciones-oseas-pero-imposible-identificacion-absoluta/


Tradução: Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba

                         


Advogados e jornalistas ligados a Julian Assange processam a CIA por espionagem #FreeAssangeNOW

                           

     Advogados e jornalistas que visitaram o ativista australiano e jornalista de investigação Julian Assange durante seu tempo de asilo na Embaixada do Equador em Londres, entraram com uma ação judicial na segunda-feira contra a Agência Central de Inteligência (CIA) e seu diretor, Mike Pompeo (2017-2018), por espionagem.

    Em uma entrevista coletiva virtual, os autores explicaram que UnderCover Global, a empresa espanhola responsável pela segurança privada na Embaixada, fotografou e baixou informações de seus computadores e telefones celulares, e gravou conversas com o fundador do WikiLeaks por ordem da CIA.

    "Estamos processando em nome de várias pessoas que foram à Embaixada do Equador para visitar Julian Assange e, sem que eles soubessem, todo o seu equipamento foi fotografado e suas conversas foram gravadas por uma empresa sob a direção de Mike Pompeo", disse Richard Roth, um dos advogados do australiano.

   Os visitantes (advogados, jornalistas e médicos) frequentemente carregam informações confidenciais em seus equipamentos, disse o advogado Richard Roth, que apontou que a Constituição dos EUA protege seus cidadãos do alcance excessivo do governo, mesmo que isso ocorra em uma embaixada estrangeira ou em outro país.

    Deborah Kerbeck, outra reclamante, disse que foi à embaixada várias vezes "para discutir assuntos legais delicados".

     "Na chegada havia um protocolo rigoroso para a proteção de Julian. Nos pediram que os passaportes, telefones celulares, câmeras, laptops, dispositivos de gravação e outros equipamentos eletrônicos fossem entregues aos guardas de segurança na entrada", disse ela.

   Foi nesses momentos, segundo souberam mais tarde, que "eles desmontaram nossos telefones, removeram e fotografaram cartões SIM, e baixaram dados de nossos equipamentos eletrônicos".

   O processo foi iniciado no Distrito Sul de Nova York na segunda-feira e alega que Pompeo supervisionou e dirigiu "uma extraordinária campanha de espionagem ilegal contra os advogados de Assange e outros dentro da Embaixada do Equador".

   De acordo com os demandantes, "Pompeo não apenas direcionou o esforço, mas seus agentes, com a ajuda da equipe de segurança de Sheldon Adelson, também recrutaram David Morales, então CEO da UC Global, para implementar as violações".

    Assange, 51 anos, está preso em uma prisão de segurança máxima em Londres desde abril de 2019, quando o então presidente equatoriano Lenin Moreno retirou o asilo político concedido a ele sete anos antes por seu predecessor, Rafael Correa.

    Em junho passado, o governo britânico concordou em extraditá-lo para os Estados Unidos, que pretende julgá-lo por expor crimes de guerra cometidos por seus militares no Iraque e no Afeganistão e outros segredos estadunidenses diplomáticos no WikiLeaks.

   A defesa do jornalista australiano recorreu da ordem de extradição emitida pelo Home Secretary Priti Patel, e o caso poderia ser retomado no outono perante o Supremo Tribunal em Londres.

   Se extraditado e julgado em um tribunal dos EUA, Assange poderia enfrentar até 175 anos de prisão com as 17 acusações contra ele.

   A  espionagem na embaixada do Equador surgiu várias vezes durante o julgamento da extradição de Assange.

    Dois ex-agentes da empresa espanhola UC Global que testemunharam anonimamente disseram ter espionado pessoas que visitavam o jornalista australiano, e compartilharam as informações com os serviços de inteligência dos EUA.

    Em setembro de 2021, a plataforma de notícias digitais Yahoo News informou que a CIA, então liderada por Pompeo, discutiu planos para sequestrar e assassinar o fundador do WikiLeaks na embaixada do Equador.

    Em junho passado, a advogada australiana Jennifer Robinson, que é membro da equipe de defesa de Assange, revelou que chegou a um acordo com o governo britânico depois que este admitiu na Corte Europeia de Direitos Humanos que a manteve sob vigilância durante o período de asilo de seu cliente naquela representação diplomática.

 

 https://cubaenresumen.org/2022/08/16/demandan-a-la-cia-por-espionaje-a-abogados-y-periodistas-relacionados-con-julian-assange/

                                              



Tradução: Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba