Cuba e
o Mais Médicos, 9 anos depois
Vê-se agora que fim
injustificado trouxe efeitos dolorosos aos brasileiros
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28.ago.2022 às
21h00
Pedro Monzón
Cônsul-geral de Cuba em São Paulo
O programa
Mais Médicos, que se iniciou em 8 de julho
de 2013, desempenhou um papel muito importante na promoção da saúde no Brasil.
Seu propósito foi captar médicos no próprio país e no mundo para trabalhar nas
zonas pobres e afastadas do país.
A participação cubana, até 2018, foi muito efetiva. Organizou-se sobre a
base de um projeto de cooperação técnica entre a Organização Panamericana de
Saúde e os ministérios de Saúde de Cuba e do Brasil. Teve a virtude de não constituir uma competição —os cubanos
ocuparam postos não cobertos por médicos brasileiros ou estrangeiros.
Impacto da saída
de médicos cubanos
Ambulância fazem o atendimento emergencial a pacientes da UBS do povoado de Tingui, na BA, e os encaminha para outra unidades Adriano Vizoni/FolhapressMAIS |
1.
É reconhecido em todo o Brasil que Cuba teve uma presença proeminente, fato
confirmado com dados. Os médicos cubanos representavam 80% de todos os
participantes do programa. Em cinco anos, o total do pessoal cubano da Saúde
alcançou 20 mil colaboradores. No momento em que a iniciativa foi suspensa,
havia mais de 8.000 médicos cubanos no Brasil. Os profissionais da ilha
atenderam cerca de 113 milhões 359 mil pacientes em mais de 3.600 municípios,
dos quais 700 tiveram serviços médicos pela primeira vez em sua história. Os
cubanos cobriram um universo de cerca de 60 milhões de pessoas em zonas de
pobreza extrema e, em particular, nos 34 distritos especiais indígenas.
Nos lugares em que trabalharam, todos os indicadores de
saúde melhoraram ostensivamente,
os índices de mortes foram reduzidos e evitou-se o sofrimento desnecessário por
doenças curáveis.
O papel dos médicos cubanos foi reconhecido pela população, que sofreu
muito com sua partida. Segundo investigação encomendada pelo Ministério da
Saúde do Brasil à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), 95% dos
entrevistados confirmaram a alta consideração do povo brasileiro pelo trabalho
dos médicos cubanos. Sempre foram distinguidos por seu profissionalismo,
caráter amistoso e sua capacidade de se misturar com o povo.
Alexandre Almeida e Simone Ferreira e os filhos na Bahia; o mais novo teve o pré-natal feito por cubanos Fernando Vivas/FolhapressMAI
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Não é algo excepcional: esse comportamento caracteriza toda a colaboração
internacional de Cuba nas últimas seis décadas. Nesse período, mais de 605 mil
médicos apoiaram mais de 170 nações, geralmente as mais pobres, nas quais
atenderam comunidades humildes que habitam regiões intrincadas.
1.
Cerca de 400 médicos deixarão o Brasil nesta quinta (22) pelo aeroporto internacional de Brasília Pedro Ladeira/FolhapressMAIS
Com esses antecedentes, é obvio concluir que as causas que provocaram o fim da
participação de Cuba no programa Mais Médicos foram completamente injustificadas —e o resultado, desnecessário e doloroso para os cidadãos brasileiros, que
ficaram sem serviços médicos, precisamente nos prelúdios da pandemia.
Os povos do Brasil e de Cuba têm muito em comum e possibilidades infinitas
de intercâmbio, tendo em conta nossas respectivas fortalezas. Por isso, estamos
seguros de que, no futuro, serão criadas condições para empreender projetos
fraternais nesta e em outras esferas.
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