22 de ago. de 2022

GOVERNO DA AUSTRÁLIA E A OMISSÃO FRENTE À PRISÃO DE JULIAN ASSANGE

                                           


PAUL GREGOIRE

Sondagem do Senado revela que  o governo Albanese não está tomando medidas por Assange.

  O premiado jornalista e 'contador de verdades' australiano Julian Assange é mantido sob custódia em nome dos Estados Unidos na famosa prisão Belmarsh de Londres por três anos.

  O tratamento do fundador do Wikileaks no Reino Unido foi considerado tortura pela ONU e comparado ao "assassinato em câmera lenta" por seu irmão.

  Com a chegada ao governo  de  Anthony Albanese em maio, os numerosos apoiadores de Assange tinham a esperança de que ele agiria para pôr fim ao processo extralegal contra um filho da Austrália.

   De fato, o novo primeiro-ministro disse "basta" em relação ao caso do fundador do WikiLeaks em fevereiro de 2021, e  Albanese foi um dos únicos 36 parlamentares a assinar uma petição pedindo que Julian fosse trazido de volta à Austrália em 2019.

   Em resposta a uma pergunta sobre o que seu governo estava fazendo sobre Assange em uma entrevista coletiva em 31 de maio, Albanese declarou: "Minha posição é que nem todas as relações exteriores são melhor feitas em alto som".

    Entretanto, durante o período de perguntas em 4 de agosto, o senador dos Verdes, David Shoebridge, perguntou ao trabalhista Don Farrell em que consiste a "diplomacia silenciosa" de seu governo em relação a Assange, e a resposta sugeriu que basicamente não significava nada.

Senador David Shoebridge questiona Don Farrell sobre Assange


Assistindo passivamente

   "O que exatamente o governo está fazendo para garantir a libertação deste cidadão australiano, jornalista e denunciante?" perguntou Shoebridge.

   Farrell respondeu que o governo ainda é da opinião de que os procedimentos de Assange foram muito longos e "devem agora ser encerrados".

    "Mas", acrescentou o senador trabalhista, "vale a pena notar" que o caso estava sendo realizado entre os EUA e o Reino Unido, "um sistema legal que respeitamos".

     "Nosso governo, fui aconselhado, não pode intervir nos assuntos legais de outro país, assim como não gostaríamos que esses países interviessem em nosso processo legal", prosseguiu Farrell. "Continuaremos a acompanhar o caso de perto e continuaremos a buscar garantias".

    Esta resposta parece implicar que em junho e julho, enquanto os apoiadores de Assange especulavam sobre o tipo de urgência que o novo Primeiro Ministro estava trazendo às circunstâncias a que um australiano está sendo submetido nas mãos de dois dos aliados mais próximos de nossa nação, nenhuma ação direta estava sendo tomada.

    Uma outra pergunta de Shoebridge sobre por que Albanese não tinha se encontrado com o pai de Julian, John Shipton, e o irmão, Gabriel, resultou que Farrell, que estava representando o Primeiro Ministro, não respondeu diretamente, mas declarou que ele tinha se encontrado com seu pai, e estendido o apoio consular.

    Dada esta resposta, parece agora que além de ter deixado claro que o caso de Assange "se arrasta por muito tempo", a abordagem do governo de Albanese não é tão diferente da do ex-Primeiro Ministro Scott Morrison, que envolvia a assistência consular fornecida com "nenhum tratamento especial".


Atirado aos cães

    "As respostas dadas hoje pelo Senador Farrell em nome do Primeiro Ministro levam a algumas conclusões muito perturbadoras", disse Shoebridge à Câmara mais tarde durante a sessão.

    "A conclusão mais perturbadora é que parece que a diplomacia tranquila, pelo menos até onde o Senador Farrell foi informado, equivale a muito pouca, se alguma, diplomacia".

    O porta-voz da justiça dos Verdes acrescentou que a "conclusão preocupante" que se segue é que o governo trabalhista não fará nada para tentar impedir a extradição de Assange, ou sua subsequente acusação e condenação nos EUA por espionagem com 175 anos atrás das grades.

    Neste momento, a equipe jurídica de Julian está se preparando para um último recurso ao Supremo Tribunal do Reino Unido contra sua decisão de extradição.

    Os médicos de Assange advertem que ele pode morrer na prisão devido a problemas de saúde, enquanto o jornalista veterano John Pilger disse recentemente que ele e a família do homem nascido em Townsville temem que se o fundador do WikiLeaks for enviado para os EUA, isso marcará seu fim.

    "Os EUA buscam a extradição de Julian do Reino Unido e, nesse processo em si, os direitos de Julian foram abusados", sublinhou Shoebridge. "Ele está detido por três anos em segurança máxima na prisão de Belmarsh e, se condenado, enfrenta efetivamente uma sentença de morte".


    https://www.sydneycriminallawyers.com.au/blog/senate-probe-reveals-that-albanese-is-not-taking-action-on-assange/

Tradução : Carmen Diniz/ Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba



Nenhum comentário:

Postar um comentário