Advogados e jornalistas que visitaram o ativista australiano
e jornalista de investigação Julian Assange durante seu tempo de asilo na
Embaixada do Equador em Londres, entraram com uma ação judicial na
segunda-feira contra a Agência Central de Inteligência (CIA) e seu diretor,
Mike Pompeo (2017-2018), por espionagem.
Em uma entrevista coletiva virtual, os autores explicaram
que UnderCover Global, a empresa espanhola responsável pela segurança privada
na Embaixada, fotografou e baixou informações de seus computadores e telefones
celulares, e gravou conversas com o fundador do WikiLeaks por ordem da CIA.
"Estamos processando em nome de várias pessoas que
foram à Embaixada do Equador para visitar Julian Assange e, sem que eles
soubessem, todo o seu equipamento foi fotografado e suas conversas foram
gravadas por uma empresa sob a direção de Mike Pompeo", disse Richard
Roth, um dos advogados do australiano.
Os visitantes (advogados, jornalistas e médicos)
frequentemente carregam informações confidenciais em seus equipamentos, disse o
advogado Richard Roth, que apontou que a Constituição dos EUA protege seus
cidadãos do alcance excessivo do governo, mesmo que isso ocorra em uma
embaixada estrangeira ou em outro país.
Deborah Kerbeck, outra reclamante, disse que foi à embaixada
várias vezes "para discutir assuntos legais delicados".
"Na chegada havia um protocolo rigoroso para a proteção
de Julian. Nos pediram que os passaportes, telefones celulares, câmeras,
laptops, dispositivos de gravação e outros equipamentos eletrônicos fossem
entregues aos guardas de segurança na entrada", disse ela.
Foi nesses momentos, segundo souberam mais tarde, que
"eles desmontaram nossos telefones, removeram e fotografaram cartões SIM,
e baixaram dados de nossos equipamentos eletrônicos".
O processo foi iniciado no Distrito Sul de Nova York na
segunda-feira e alega que Pompeo supervisionou e dirigiu "uma
extraordinária campanha de espionagem ilegal contra os advogados de Assange e
outros dentro da Embaixada do Equador".
De acordo com os demandantes, "Pompeo não apenas
direcionou o esforço, mas seus agentes, com a ajuda da equipe de segurança de
Sheldon Adelson, também recrutaram David Morales, então CEO da UC Global, para
implementar as violações".
Assange, 51 anos, está preso em uma prisão de segurança
máxima em Londres desde abril de 2019, quando o então presidente equatoriano
Lenin Moreno retirou o asilo político concedido a ele sete anos antes por seu
predecessor, Rafael Correa.
Em junho passado, o governo britânico concordou em extraditá-lo para os Estados Unidos, que pretende julgá-lo por expor crimes de guerra cometidos por seus militares no Iraque e no Afeganistão e outros segredos estadunidenses diplomáticos no WikiLeaks.
A defesa do jornalista australiano recorreu da ordem de
extradição emitida pelo Home Secretary Priti Patel, e o caso poderia ser
retomado no outono perante o Supremo Tribunal em Londres.
Se extraditado e julgado em um tribunal dos EUA, Assange
poderia enfrentar até 175 anos de prisão com as 17 acusações contra ele.
A espionagem na
embaixada do Equador surgiu várias vezes durante o julgamento da extradição de
Assange.
Dois ex-agentes da empresa espanhola UC Global que
testemunharam anonimamente disseram ter espionado pessoas que visitavam o
jornalista australiano, e compartilharam as informações com os serviços de
inteligência dos EUA.
Em setembro de 2021, a plataforma de notícias digitais Yahoo
News informou que a CIA, então liderada por Pompeo, discutiu planos para
sequestrar e assassinar o fundador do WikiLeaks na embaixada do Equador.
Em junho passado, a advogada australiana Jennifer Robinson,
que é membro da equipe de defesa de Assange, revelou que chegou a um acordo com
o governo britânico depois que este admitiu na Corte Europeia de Direitos
Humanos que a manteve sob vigilância durante o período de asilo de seu cliente
naquela representação diplomática.
https://cubaenresumen.org/2022/08/16/demandan-a-la-cia-por-espionaje-a-abogados-y-periodistas-relacionados-con-julian-assange/
Tradução: Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba
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