3 de abr. de 2020

UMA CIDADÃ SUÍÇA EM HAVANA EM MEIO À PANDEMIA #CubaSalva #BloqueioMata


                                                COVID-19
 Coronavirus: “Em Cuba me sinto segura”
Por Marcela Águia Rubín
 31 DE MARÇO DE 2020



Em Havana, pessoas esperam o transporte público com máscaras protetoras em meio às preocupações da propagação do coronavirus.  (Reuters / Alexandre Meneghini)



Como se vive em um país sob o bloqueio econômico mais prolongado do mundo em tempos do coronavirus? “Há tensão, sim. Mas há muita confiança”. Depoimento de uma suíça desde Havana.

“Vivo em um edifício com mais de 30 apartamentos. Nos primeiros dias da pandemia veio um médico de família, casa por casa, e nos deu uma aula de como tinha que se comportar, como se cuidar, como se lavar”.


Suíça e Cuba têm celebrado acordos bilaterais nos âmbitos do comércio, da promoção e da proteção dos investimentos, de transporte aéreo e de  translado de pessoas condenadas. Suíça representou os interesses dos EUA  em Cuba de 1961 até a restauração das relações diplomáticas entre os dois países em julho de 2015, bem como os interesses cubanos nos EUA de 1991 até julho de 2015.
Hoje, a Suíça mantém-se principalmente ativa em Cuba no marco da cooperação para o desenvolvimento, onde implementa sua estratégia 2017-2021.
Fonte: Ministério Suíço de Relações Exteriores


O depoimento é de Christine, residente em Cuba há mais de duas décadas e cidadã de Suíça, país com o qual mantém estreito contato e para onde viaja com certa regularidade. “Mas aqui me sinto mais segura”, confessa-nos em entrevista telefônica.

Por que ? Perguntamos.

“Aqui as pessoas  são mais disciplinadas. Estão mais acostumadas  a situações de emergência. Além disso, em Cuba temos um sistema de saúde e de prevenção para a saúde que funciona muito bem. Vimos quando ocorreu a  dengue. Vemos com os furacões. Todo mundo está preparado”.
Descreve-nos com grandes traços a situação na ilha. Em termos gerais não difere muito da que se vive na Suíça e em boa parte do planeta: ruas vazias, escolas desertas, trabalhos suspensos. As principais recomendações são as mesmas: lavar bem e continuamente as mãos, cobrir a boca ao tossir ou espirrar, não sair de casa senão para o essencial, manter distância social…
Sim, parece que o coronavirus concedeu ao conjunto das nações a possibilidade de entoar o mesmo estribilho. Mas não é assim. Não é para todos. Cuba faz parte das nações que vivem sob a pressão de sanções econômicas e que devem nadar mais vigorosamente para se manter à tona:

“Agora, com o coronavirus, nós mesmos preparamos nossos nasobucos [máscaras protetoras]. Através da televisão nos ensinam como fazer: dão a medida do tecido, mostram como tem que cortar, costurar, passar. Como  usar sem deixar espaços…”
Efetivamente, o fechamento de fronteiras (coronavirus obriga) e quase sessenta anos de embargo (Estados Unidos impõe), fazem com que na ilha caribenha faltem muitas coisas, mas não talento.
E também há uma experiência no manejo epidemiológico reconhecido internacionalmente e uma preocupação fundamental com a educação e a saúde da população.
A informação, explica nossa interlocutora, é constante por rádio, televisão, internet. “Há uma mesa redonda na qual os ministros informam não somente sobre os temas de saúde, senão também das medidas sociais e econômicas. Por exemplo, explicam os direitos das pessoas que têm que adiar seus pagamentos, as isenções de impostos… Todo isso alivia a tensão”.

 Há muita tensão?

“Há tensão porque como você sabe, o turismo é uma das principais fontes de rendimentos da ilha e muita gente vive disso. Agora, e quem sabe por quanto tempo, não há turistas. Mas sobretudo há tensão pelo temor de que haja  escassez de alimentos”.
Comenta que através de mensagens de WhatsApp  as pessoas se informam entre si: “em tal loja há iogurtes, em tal outra há leite”. 
Na ilha é quase proverbial a falta deste ou outro produto, mas a situação atual potencializa o problema, por isso as autoridades têm anunciado  medidas para garantir os alimentos. Igualmente têm fama as esperas nas lojas de bens de consumo, que também se têm dilatado.
“Há tremendas filas nas lojas e esse é o pior momento para manter as distâncias e a gente se põe nervosa quando não encontra o que precisa”

O que é que mais falta, por exemplo…?

“Frango, sabão, detergente e há um temor especial de que cheguem a faltar os feijões e a massa de tomate para preparar. É que agora a situação é duplamente difícil com a paralisia pelo coronavirus e o bloqueio”.
Contudo, nossa interlocutora se diz confiante. “As pessoas em Cuba são muito solidárias e as autoridades estão bem organizadas. Explicaram-nos também como preparar e usar desinfetantes, como reconhecer os sintomas do coronavirus e como atuar caso necessário”.

 Como?

“Primeiro tem que ir ao médico de família. Se este considerar necessário, te envia ao policlínico, e se aí detectam suspeita de contágio, te mandam ao centro de isolamento. Se dá positivo, dão o tratamento correspondente. Se não, da mesma forma te mantêm em isolamento para observar  tua evolução”.
Recorda que a educação e a saúde são os pilares da política da ilha e ratifica que o de Cuba é um povo muito solidário. “Veja você as missões de médicos cubanos agora mesmo na Itália e em muitos outros países. As missões quando da crise do ébola. Alguns dizem que é interesse econômico, para mim é um gesto de humanidade”.

Concluímos a entrevista. Despedimos-nos, e horas mais tarde envia-me esta mensagem:
“Os estudantes de Medicina acabam de passar pela casa perguntando quantas pessoas somos, se temos problemas de saúde, etc. Isso é Cuba!”


Alguns êxitos da medicina cubana:
 • (2015) Cuba cumpre com os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.
• (2015) Cuba converte-se no 1er país do mundo a receber a certificação por parte da OMS de eliminação da transmissão materno-infantil do HIV e da sífilis congênita.
• (2016) Cuba mantém a taxa de mortalidade infantil abaixo de cinco para cada 1 000 nascidos vivos por dez anos consecutivos.
• (2016) Cuba atinge uma esperança de vida ao nascer de 78,4 anos; 76,5 para os homens e 80,4 para as mulheres.
 • (2016) Cuba cumpre 55 anos mantendo missões internacionalistas em saúde com 48 000 colaboradores em 62 países em 2016.
• (2017) Cuba obtém, através do contingente Internacional de médicos especializados em situações de desastres e graves epidemias “Henry Reeve”, o Prêmio de Saúde Pública Internacional em memória do Dr. LEE Jong-Wook da OMS (a distinção mais importante que outorga a OMS).

Tradução: Comitê Carioca e Solidariedade a Cuba 
Texto original: 



A única coisa boa dessa pandemia  é ter  demonstrado que : as armas são inservíveis; o poder é frágil; a riqueza é inútil e como Cuba é importante.

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