Assembleia Geral das Nações Unidas |
Carmen Diniz
Quanto se fala (mal) a respeito de Cuba, um país pequeno que não
ameaça ninguém e que pelo contrário ainda contribui com missões médicas pelo
mundo é motivo para fazer a pergunta crucial: a quem interessa essa
satanização? É a pergunta que serve para inclusive os noticiários oficiais que
vemos sempre. E sempre há uma resposta coerente, basta questionar.
A mesma coisa vale para a questão cubana: será
possível que em mais de 60 anos não tenha havido nenhuma notícia positiva a
respeito de Cuba ? Em 62 anos de um governo – de qualquer governo – a população
não teria se rebelado se tudo que se diz sobre Cuba fosse verdade? Não há nada de bom para se falar de Cuba em
todo esse período? Se é uma ditadura,
para que fazer eleições costumeiramente ? Se é uma ditadura, como a
‘blogueira’ Yoani sai do país para falar mal de Cuba, mantém um poderoso blog e
sequer é presa? O Brasil conheceu uma ditadura e sabemos bem o que aconteceria
com essa “dissidente subversiva” aqui.
Temos além destas perguntas alguns
questionamentos: por que se tenta sempre comparar Cuba com países ricos? O
certo seria fazer um comparativo com países da região que tiveram histórias
parecidas e colonizações ‘cometidas’ pelos europeus. Daí sim, devemos comparar os
índices de desenvolvimento humano (IDH)
de Cuba com os índices da República Dominicana, Guatemala, Haiti.
Estas comparações notadamente nunca estão
presentes nos noticiários e mesmo que assim o fosse, certamente teriam que adicionar - além
das semelhanças - um outro componente importantíssimo : um bloqueio criminoso
que há mais de seis décadas oprime e causa graves prejuízos à vida do povo
cubano. Patrocinado pelo império estadunidense com a desculpa infame de existir em função do ‘sistema de
governo” cubano (?!) com o qual não concordariam (?!). Só essa afirmação já
seria ilegítima, uma vez que não cabe ao governo estadunidense aprovar ou não
um governo de outro país.
Mas imaginemos que eles realmente pensem
que Cuba é um ditadura. Neste caso poderíamos questionar o porquê de nunca
terem bloqueado nossos países do cone sul quando enfrentamos ditaduras de
verdade com torturados, executados e desaparecidos. Não há resposta a este
simples questionamento. Sequer quando se pergunta sobre o não-bloqueio a outras
nações socialistas como a China, Vietnam, Iêmen ou a países sem liberdade e
nesse caso, a imbatível Arábia Saudita, aliada constante do governo estadunidense.
E será que algum aliado dos EUA possui
tantas entidades de solidariedade espalhadas por todo o mundo como Cuba ? Um
país de governo ditatorial teria tanto apoio? Da mesma forma não se poderia entender
porque dos 193 países que fazem parte da
Organização das Nações Unidas mais de 90% votam em sua Assembleia Geral pelo
fim do bloqueio há mais de 20 anos. Infelizmente a AGNU não tem poder de obrigar
um país a fazer algo, somente conta como uma espécie de recomendação e
por isso não tem o poder de acabar com o infame bloqueio. Seria uma ingerência
indesejada. Da mesma forma que o bloqueio é uma ingerência nos assuntos
cubanos.
Aliado a isso, a última pesquisa feita
nos EUA revela que mais de 60% dos estadunidenses apoiam o fim do bloqueio e a
reaproximação com Cuba.* Cabe a seus representantes fazer valer a vontade de
seu povo, mas aí só compete a eles mesmos – segundo as normas da soberania e
autonomia dos países minimamente civilizados. Da mesma forma, o sistema de governo de Cuba
cabe só e unicamente aos cubanos decidir.
Isso é o que diz a Carta das Nações Unidas
que os diferentes países assinaram ao fundar a ONU ao fim da Segunda Guerra
Mundial com a finalidade de união entre
os países para promover a paz e a cooperação entre as nações.
Parece bem civilizado, não é mesmo?
* https://www.gazetadopovo.com.br/mundo/pesquisa-diz-que-63-dos-americanos-apoiam-reaproximacao-com-cuba-eixwqt6p6rrzb5zlvf5z5mxce/
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