A ECONOMIA MUNDIAL E A CRISE CAPITALISTA.
"Sinto-me na obrigação de partilhar com vocês algumas
ideias, sobretudo pela vossa contribuição para este evento organizado pela
ANEC, e agradecer a todos os que nos visitam de outros países. E, claro, para
os acadêmicos cubanos, os economistas cubanos, os cubanos que representam
diferentes áreas do conhecimento e que estão envolvidos nas questões que
abordamos e a debater neste encontro.
Estou aqui por duas razões fundamentais. Uma é o
compromisso que temos de resgatar estes acontecimentos fundados pelo Comandante
em Chefe, Fidel Castro. Foi por isso que propusemos à ANEC (Associação Nacional
dos Economistas Cubanos) que era o
momento de reavivar os encontros, vamos fazê-lo de dois em dois anos,
para manter um debate sistemático que nos permita construir consensos e
atualizar visões e pontos de vista, porque, embora a questão da globalização já
esteja mais conceitualizada, como aqui foi dito, há novos traços do
imperialismo, há novos traços até da globalização. Gambina e outros oradores levantaram toda a
questão da liberalização dos mercados e, sobretudo, da aplicação de medidas
coercitivas. Esta é uma motivação. Um compromisso.
A outra é a aprendizagem. Para aqueles de nós que hoje têm
tarefas de liderança, sobretudo na construção do socialismo, num país que não
vai desistir disso, e que tem de construir o socialismo no meio de uma situação
internacional extremamente complexa, a 90 milhas da maior potência imperial do
mundo.
Hoje vivermos um
bloqueio intensificado. Cuba não está
vivendo o mesmo bloqueio que denunciamos há alguns anos. A partir do
segundo semestre de 2019, estamos vivendo outras condições do bloqueio de uma
forma terrível. É por isso que, para nós, toda a abordagem da economia política
e da análise marxista nos ajuda muito. Para corrigir, para aperfeiçoar, o que
fazemos, o que propomos, e sobretudo para manter o caminho da construção
socialista.
Hoje, dentro daquilo que é possível fazer, em tempos como
estes, e procurando que com aquilo que
fazemos no presente não estejamos
estragando o sonho futuro do socialismo, como modelo, como construção.
E isto tem muito a ver com esta abordagem da economia
política, a abordagem crítica do marxismo. Tem muito a ver com o fato de aqui
termos concebido um sistema de gestão governamental baseado na ciência e na
inovação, para enfrentar a crise da pandemia. Mas isso nos deu uma lição que
estamos agora levando para o resto da
vida ideológica, econômica e social do país.
E todo este elemento de criação de grupos de trabalho com
todo o conhecimento, grupos multidisciplinares, intersetoriais, de
especialistas e acadêmicos, nos envolvemos na atividade econômica e social, mas
também na atividade do Partido Comunista Cubano.
Temos grupos de assessores que estão nos ajudando a formular, a estudar, a conhecer, a
atualizar, os elementos do sistema político, do trabalho, com os clientes, com
a formação de quadros, com a atenção aos problemas econômicos, com as entidades
governamentais.
Eu digo que, às vezes, o Palácio da Revolução parece um
palácio da ciência, porque ali entram e saem dele todos os dias homens e
mulheres da ciência. Porque nada do que se discute é tratado sem a presença de
critérios de especialistas, de critérios de acadêmicos, em todos os sentidos. E
nós pedimos a presença de juristas, economistas, políticos e marxistas em todos
estes debates.
Hoje, todos os grupos que estão sendo formados e que estão
trabalhando em políticas públicas, políticas de governo, políticas de Estado e
leis têm esses componentes. Além do conhecimento específico do tema que se
busca, para que não haja erros nas abordagens marxistas, nas abordagens da
economia política, nas abordagens jurídicas, e também porque a gente ganha
tempo. Porque se não trabalharmos com estes instrumentos, estas políticas, e
depois as levarmos para o debate popular, ou para os debates especializados, o
que é que acontece? Que, se não forem robustas do ponto de vista da visão
marxista ou da visão da economia política, do ponto de vista jurídico temos de
andar para trás. Devido ao número de pontos que são apresentados. E isto nos
contribui muito.
Ontem assisti a uma sessão - no congresso - sobre
cooperativismo, que confirmou muitas das situações que temos hoje e que podem
contribuir para o modelo econômico social do nosso país.
Aqui - nesta sessão - começamos por abordar a questão da
desordem monetária e financeira internacional. Não vou lhes falar de um ponto
de vista acadêmico, mas sim do meu ponto de vista pessoal, das minhas próprias
experiências, e sabendo que há coisas em que posso não ter razão, mas vou falar
honestamente. Gostaria de abordar esta questão de duas perspectivas. Uma, a
partir do papel de Cuba na presidência pro tempore do Grupo dos 77, e a outra a
partir da própria situação de Cuba
Estamos a planejando exercer uma presidência muito ativa do
Grupo dos 77 ao longo do ano. Convidamos constantemente todos os países deste
grupo para debates sobre temas da atualidade. Realizamos uma conferência do
Grupo dos 77 antes de irmos à Assembleia Geral da ONU, tendo em vista a questão
da ciência e da inovação para resolver problemas globais.
Para isso ajudamos a construir um consenso e pensamos que
esse consenso se refletiu nas intervenções dos chefes das delegações dos
membros do Grupo dos 77 na Assembleia Geral da ONU.
Em representação do Grupo, estivemos na Conferência sobre o
Financiamento do Desenvolvimento, como foi pomposamente designada, na França.
Ali me lembrei de algo que Chávez costumava dizer: "os presidentes vão de
conferência em conferência e os povos vão de abismo em abismo". Era uma
farsa
Vimos os representantes de todas as instituições bancárias
e financeiras internacionais falando de um suposto financiamento para os países
em desenvolvimento, uma mentira. Era uma mentira. Onde estão os financiamentos?
Estão tentando ganhar tempo e nos
enganar. Nem sequer os fundos que foram angariados em todas as conferências
para ajudar a mitigar os problemas ambientais, para construir sobre o princípio
das responsabilidades partilhadas e diferenciadas, foram dados; e os gastos
militares continuam a crescer.
Hoje, estamos
sofrendo o genocídio do povo palestino em Gaza.
Portanto, vejam tudo isso, todas essas promessas, e como
estão impondo critérios de uma filosofia do liberalismo, do neoliberalismo, e
como alguns dos nossos povos as estão
engolindo. E não estou dizendo
que não haja coisas que devam ser promovidas, que não devamos aspirar, mas
também temos de ver as armadilhas das abordagens que nos tentam impor. Veja-se
o pensamento neoliberal.
Há uma enorme quantidade de transições e cores:
"transição verde", "economia verde", "transição
energética", não estou dizendo que
não devemos procurar coisas mais eficientes. Mas se pensarmos nos países do
Terceiro Mundo, ou nos países em desenvolvimento, quando é que vão ter
financiamento e possibilidades para o fazer. Porque em todos os debates em que
estivemos envolvidos e naqueles que promovemos, em relação aos países do Sul
que estão no Grupo dos 77 mais a China, o que eles nos dizem é que estão excluídos
do crescimento global. É isso que todos os países dizem.
Esta desordem financeira e monetária internacional está
representada na ordem econômica e financeira internacional, há um consenso nos
países do Sul de que deve ser eliminada e de que temos de avançar para outra
construção, porque é o principal obstáculo à consecução do direito ao
desenvolvimento para estes países. Não apenas para ter desenvolvimento, mas
para ter o direito ao desenvolvimento, que nos estão negando.
Além disso, estamos
vendo que há um conjunto de dados que mostram o crescente fosso de
desenvolvimento entre o Norte e o Sul. E o endividamento também está crescendo (...), que é uma batalha que Fidel
começou nos anos 80 e que temos de continuar a travar, porque hoje a dívida
externa continua a ser um problema para os nossos países. Se completam 40 anos
do livro de Fidel sobre a dívida externa.
Por outro lado, em representação do Grupo dos 77, estivemos
na cúpula dos BRICS na África do Sul. Aí vimos uma abordagem diferente. É um
grupo muito novo de países, mas para os países do Sul há uma abordagem mais
inclusiva, mais sensível aos problemas do Sul, eu diria que há uma abordagem
mais cooperativa e temos de ver como é que isto evolui. O fato de uma pessoa
como Dilma, com o seu empenho, estar à
frente do banco do Grupo BRICS também abre possibilidades para os países em
desenvolvimento. Essa é a visão do Grupo dos 77.
Mas vamos um pouco - agora - para a visão de Cuba. Acho que
podemos interrrelacionar os elementos que foram levantados aqui em vários
documentos, em especial o da Pasqualina, (Pasqualina Curcio Curcio) que
praticamente retratou ou descreveu a situação cubana.
Como eu lhes dizia, vivemos um bloqueio intensificado. Esse
bloqueio recrudescido começou no segundo semestre de 2019, quando começamos a
sentir o efeito de mais de 243 medidas aplicadas pela administração Trump dos
EUA. Para completar, 8 ou 9 dias antes de entregar a presidência, nos dias de
janeiro de 2020, nos incluíram em uma lista de países que supostamente - todos
sabem que isso é um absurdo, que é mentira - apoiam o terrorismo. Nestes dois
elementos do endurecimento do bloqueio e da inclusão na lista de países
terroristas, há argumentos que demonstram aquilo que Pasqualina defendeu há
pouco como uma hipótese, que é uma tese: como é que o poder do dinheiro joga na
hegemonia? Olhe, aqui pode-se recrudescer o bloqueio, entre outras coisas,
porque se aplica o capítulo 3 da Lei Helms-Burton. Este capítulo
internacionaliza o bloqueio.
Como é que uma potência tem condições para
internacionalizar o bloqueio? Simplesmente por causa da hegemonia, e a
hegemonia baseia-se no dinheiro. Porque há uma série de interrelações de que é
preciso ter consciência. Toda uma teia de interrelações, bancárias,
financeiras, institucionais, em que todo mundo presta contas aos ianques. E é
por isso que os Yankees podem decretar uma lei chamada Helms Burton, onde
internacionalizam o bloqueio. E, ao abrigo desta lei, os bancos são sancionados
em qualquer parte do mundo, as agências financeiras são sancionadas em qualquer
parte do mundo, e Cuba é impedida de fazer qualquer operação bancária ou
financeira, simplesmente por causa das políticas do bloqueio
internacionalizado. Isto se intensifica quando se é colocado na lista dos
países terroristas. Aí te corta tudo .
Porque é que os Estados Unidos o podem fazer? Porque têm uma hegemonia baseada
no dinheiro. Isso nos colocou numa situação extremamente complexa de resolver.
Nessas condições, fizeram com que ficássemos sem alimentos, medicamentos e
matérias-primas para impulsionar os principais processos de produção e
serviços.
Em Cuba, sem peças sobressalentes para poder dar manutenção
ao nosso sistema eletro-energético nacional, sem crédito, sem novos
investimentos para o desenvolvimento, chegou a COVID. Portanto, houve aqui uma
confluência de problemas que nos conduziram a esta situação que vivemos nos
últimos três anos.
Estamos vivendo com
a conta corrente (ajustando a conta contábil com a conta corrente). Aqui não há
crédito para investimento, não há crédito para nada (...) Aqui todas as semanas
fazemos um exercício, um grupo de camaradas faz uma lista: isto é o que entrou
e isto é o que o país precisa - há uma lista muito longa. Temos de nos tornar
mágicos para ver como podemos colocar este bocadinho em algumas prioridades.
Apenas algumas prioridades. Não há outras. Não temos outras reservas. Tudo isto
cortou as nossas principais fontes de rendimento. As receitas das exportações,
do turismo, as remessas, tudo. Reduziu-as para níveis muito elevados.
Isto também causou - um limite - uma das questões que
Alejandro (Alejandro C. López Bolaños) levantou, sobre a questão das
infra-estruturas. Não temos sido capazes de investir em infra-estruturas.
Materiais, institucionalis etc., sobretudo quando temos a vocação, desde o
processo de construção socialista, de que a maior parte dos nossos
investimentos em infra-estruturas sejam levados ao nível institucional para
reforçar os programas sociais. Educação, saúde, cultura. Percorre-se Cuba e, em
qualquer lugar que se vá, encontra-se uma instituição do sistema de cuidados
primários de saúde, do sistema de saúde, uma instituição do sistema educativo,
encontra-se uma instituição cultural, para além dos investimentos que foram
feitos nas áreas industriais, no próprio setor
eletroenergético.
E o mais interessante disso tudo tem a ver com a hegemonia
do capitalismo. A ideia de que a democracia representativa com um sistema
multipartidário é democracia é uma mentira. Uma administração republicana
aplicou as 243 medidas e nos colocou na lista dos países que apoiam o
terrorismo. A administração Biden nos manteve na lista e manteve as 243 medidas
sem qualquer alteração. Portanto, é mentira que existam dois partidos nos EUA.
São os partidos que mandam. Ou manda o complexo industrial militar.
Vamos às origens desta campanha mediática e de todo o poder
em que o dinheiro está por trás, como hegemônico, que eles também têm nos meios
de comunicação social, nas redes sociais e na própria internet, como têm
conseguido camuflar as suas responsabilidades com o conflito europeu e com o
genocídio em Gaza.
Estas são as tristes realidades do mundo causadas por esta
desordem monetária e financeira, entre outras coisas.
Estas situações que se verificam atualmente em Cuba
limitaram gravemente a disponibilidade de divisas para fazer face aos problemas
e necessidades do país. Tem a ver com o que Pasqualina descreveu muito bem. Ao
não se poder fortalecer um mercado legal de divisas, fortalece-se um mercado
ilegal de divisas. Torna-se praticamente o regulador dos preços da economia, da
vida e do comércio interno. Apoiado por plataformas especulativas
contra-revolucionárias que estão fora de Cuba, e que operam nas redes sociais.
Também foram aplicadas na Venezuela. E são elas que estão se
tornando os pontos de referência para a taxa de câmbio, e especulam
sobre a taxa de câmbio. E vimos que a taxa de câmbio legal não é essa, mas há
uma que é promovida por uma plataforma contrarrevolucionária, que por vezes é
tomada como referência.
Concordo com Pasqualina que há uma construção ideológica,
para atacar a economia e provocar a desestabilização. E assim os preços sobem,
temos inflação, o poder de compra é menor, e uma série de problemas sociais se
acumulam. Tudo isto está presente desacreditando o governo, desacreditando a
Revolução, a tese de um Estado falido, também nos fazem passar por ditadores, e
todas estas coisas que são uma construção que responde à guerra não
convencional.
Hoje eu diria que nesta guerra não convencional contra Cuba
há três elementos: um é o conceito de asfixia econômica, descrito por José Luis
(Rodríguez) quando se referiu ao memorando Mallory na sua brilhante conferência
juntamente com a de Gambina no dia em que abrimos o evento. A aposta do governo
estadunidense é continuar a apertar os parafusos económicos com o endurecimento
do bloqueio, a fim de criar uma fratura entre a população cubana e o governo, o
que levará à agitação social e à instabilidade, e depois a um pretexto para uma
intervenção humanitária. Vimos isso na Venezuela, vimos isso também na
Nicarágua, são elementos de guerra não convencional.
Isto é apoiado por outra estratégia estruturada de
subversão ideológica, reparem que eles falam sempre em mudança de regime, e
sempre que tomamos uma medida eles tentam ver como é que podem montar uma
suposta mudança de regime. Agora que nós desenvolvemos, por causa de uma certa
análise que tivemos que fazer, que propusemos que dentro do nosso modelo
económico socialista social pode haver um sector não estatal como complemento
da economia do Estado, eles apostam que esse setor não estatal vai ser um agente
de mudança da Revolução. E esta plataforma de subversão ideológica que tem
fundos públicos conhecidos, em agências governamentais norte-americanas como
(...) a USAID e fundos obscuros que não são conhecidos, e que nós sim
conhecemos. Então eles estão alimentando isso, e apoiados por uma campanha
midiática de descrédito da Revolução Cubana nas redes sociais, como diz o nosso
amigo Frei Betto, não são redes sociais, são redes digitais e às vezes elas
agem mais como anti-sociais do que sociais. Por causa de toda a vulgaridade,
banalidade e perversidade com que os conteúdos são gerados nessas redes.
E aqui há um outro elemento, e alguém o referiu aqui, acho
que foi a própria Pasqualina, é que há uma plataforma de colonização cultural.
Querem voltar a transformar-nos numa neocolónia. E isso não se aplica apenas a
Cuba. Essa é a distinção que nós fazemos, é para o mundo inteiro. Porque para
se ser hegemônico, em primeiro lugar, é preciso quebrar as identidades dos
povos com as suas raízes. É uma batalha cultural e quando conseguem fazer com
que as pessoas rompam com a sua identidade, com a sua cultura, no seu sentido
mais lato, rompem com a sua história e vêem os valores que a história lhes dá
como obsoletos. Por isso, aqui aspiram a mudar paradigmas. E qual é o paradigma
que estão a tentar impor? O paradigma hegemônico. É preciso ver o que os
ideólogos norte-americanos escrevem nos seus livros sem um pingo de vergonha.
Eles estão tão convencidos disso que não o escondem. E é por isso que milhões
de pessoas em todo o mundo seguem os seus padrões, na música, no consumo, na
indústria do entretenimento e em todos esses elementos.
Tudo tem também como objetivo fraturar a consciência
social. Sem consciência social, as pessoas não podem fazer revoluções. Sem
consciência social, as pessoas não podem compreender o que está acontecendo. Sem consciência social, os povos
não conseguem discernir a armadilha que existe nesta mensagem consumista e não
conseguem discernir quais são os verdadeiros objetivos hegemônicos do
imperialismo.
E então tudo isto entra em conflito com a economia cubana.
José Luis fez uma análise histórica da forma como Fidel concebeu suas contribuições para a economia cubana e
traçou um rumo. Sempre me debati com uma contradição pessoal, interna: por um
lado, tenho de ser muito crítico em relação à nossa economia, porque se não for
crítico não estamos vendo o que estamos
fazendo, não estamos melhorando. E eu tenho uma responsabilidade com
isso.
Mas também vejo as coisas de outro ponto de vista, que é o
que penso que José Luis tentou expressar, que a economia que eu critico é
criticada pelos cubanos, estamos insatisfeitos com o que foi alcançado. Não
esqueçamos que se tem mantido uma obra social. Com um conjunto de resultados
que países que têm muito mais dinheiro do que Cuba não têm. Portanto, vamos ver
onde é que foi ineficiente e onde é que foi eficiente. Sobretudo, porque é uma
economia que se desenvolveu em condições de guerra, em condições de agressão.
Mas mesmo com todos os efeitos do recrudescimento externo, com todos os efeitos da pandemia, os indicadores de saúde, de educação, de cultura, de desporto, em Cuba, continuam a ser muito elevados. E ainda estão acima daquilo que corresponde a uma ilha de dez milhões de habitantes. E não podemos deixar de notar que há indicadores que sofreram um pouco no meio desta situação. Por isso, muitas infra-estruturas foram direcionadas, muitos investimentos foram direcionados para o setor social e para as pessoas, para os programas sociais.
Em meio a isto, me
dirão, mas qual é a solução? Penso que a solução que temos nas condições atuais
é que, neste momento, devido às nossas exportações, devido a outras coisas que
fazemos, não podemos obter todas as receitas em divisas de que o país
necessita. Mas não vamos desistir. Temos de procurar formas. Ir mais fundo.
Aperfeiçoando as coisas que nos permitem utilizar a menor quantidade de
divisas, como podemos aumentar a produção: trabalhando, companheiros e companheiras.
Como é que criamos riqueza nestas condições? Como é que distribuímos a riqueza?
Com justiça social. E é assim que estamos
apoiando o socialismo.
Vocês me dirão, mas isso é um pouco idealista?
Não. Desenvolvi essa convicção quando enfrentamos a COVID,
(sobre) a "resistência criativa" e
a partilhei.
Nós, com a COVID, não apenas resistimos. A questão da
pandemia, a intensificação do bloqueio.
Com a COVID, também nos desenvolvemos e avançamos. Quando a
COVID entrou aqui, e quando nos apercebemos que não íamos ter acesso às vacinas
que estavam sendo desenvolvidas no
mundo, apelamos aos nossos cientistas. Foi aí que criamos o sistema de gestão
do governo baseado na ciência e na inovação que estamos agora levando para a soberania alimentar e outras
áreas. E dissemos : aqui precisamos de soberania para enfrentar isto, e a
soberania é proporcionada por uma vacina cubana. Uma vacina cubana.
Isso foi em março de 2021. Em julho de 2021 já havia o
primeiro par de candidatos vacinais. Conhecem a história depois. Cinco
candidatos vacinais. Atualmente, três são vacinas comprovadas com uma eficácia
tremenda contra as variantes mais virulentas que existem. Devido à pandemia,
duas são agora candidatas vacinais que se encontram em fases avançadas de
desenvolvimento clínico. Há uma delas, a Mambisa, que quando for lançada será
um bastão (como dizem os cubanos) com tecnologia moderna que é aplicada pelo nariz.
Quando tivemos 60% da população vacinada com a primeira dose, o pico pandêmico
que se arrastava há vários meses caiu.
Atualmente, Cuba é um dos dois países que administrou o
maior número de doses de vacina por habitante. É um dos vinte ou vinte e poucos
países do mundo que tem mais de noventa por cento da sua população totalmente
vacinada, com a sua própria vacina.
Fomos os primeiros no mundo a vacinar a população
pediátrica com mais de dois anos de idade. Uma taxa de letalidade de 0,76, hoje
o mundo tem uma taxa de letalidade de um, e a América Latina e Caribe têm uma taxa de letalidade de mais de
1,4. E fizemos isso nessas condições, resistimos e avançamos. Quantos países no
mundo produzem vacinas? Não mais de dez. Mas quantos países em desenvolvimento
foram capazes de criar a sua própria vacina? Apenas Cuba.
E não fomos os únicos a utilizá-la. Compartilhamos com
outros países do mundo. Tal como os nossos médicos também se deslocaram a
locais que eram o epicentro da doença, em momentos muito complexos, e prestaram
ajuda internacional. Dessas brigadas médicas, agora o imperialismo, com a sua
campanha de colonização cultural e descrédito mediático, diz que é exploração
da força de trabalho.
Mas, como disse Fidel, não enviamos soldados para o mundo,
enviamos médicos. E é para salvar vidas. E vejam, estas vacinas não estão
registradas. Nem essa, nem a russa, nem a chinesa, estão registradas. Teremos
de ver porquê. Por causa do poder do dinheiro, por causa do poder das empresas
farmacêuticas transnacionais, que não estão interessadas em todos os
medicamentos, que não estão interessadas no medicamento que resolve a doença,
estão interessadas nas pessoas doentes para poderem vender mais e ter mais lucro.
Portanto, com estas coisas que descrevi, nos estão
aplicando uma lógica imperialista. E a resposta de Cuba continuará a ser a
construção socialista.
Cometemos erros, sim. Estamos os avaliando, estamos num
processo de avaliação, estamos tomando
como referência um processo de retificação que Fidel exigiu na década de 1980.
E nos próximos meses vamos partilhar com o nosso povo todo um conjunto de
coisas que queremos fazer como análise conjunta de erros e correções, mas não
vamos desistir da construção do socialismo.
Temos de enfrentar os erros, temos de enfrentar os
problemas acumulados que temos, de um período muito complexo, como aquele de
que estou falando durante o período
especial. E temos também de enfrentar novos problemas criados pela situação
internacional. Não somos uma bolha no mundo. E eventos como este, a vossa
participação, as abordagens que fazem, nos ensinam. Lançam luz sobre o que
temos de fazer. Mas também ratificam muitas convicções. Porque aquilo que
estão denunciando e discutindo aqui hoje faz parte daquilo que
nós também enfrentamos, com as convicções que temos. Muito obrigado (Aplausos).
Tradução/Edição: Comitê Carioca e Solidariedadee a Cuba e às Causas Justas
LA ECONOMIA MUNDIAL Y LA CRISIS CAPITALISTA.
“Me siento obligado a compartir con Uds. algunas ideas, sobre todo por vuestro aporte a este evento organizado por la ANEC, y para agradecer la presencia de todos Uds. que nos visitan, de otros países. Y por supuesto para los académicos cubanos, los economistas cubanos, los cubanos que representan distintos saberes y que están involucrados con las temáticas que estamos abordando y debatiendo en este encuentro.
Yo estoy aquí por dos motivaciones fundamentales. Una es el compromiso que tenemos con el rescate de estos eventos fundados por el Comandante en Jefe, Fidel Castro. Por eso le planteamos a la ANEC (Asociación Nacional de Economistas de Cuba) que era el momento de volver a rescatar los encuentros, lo haremos cada dos años, que se mantenga un debate sistemático que nos permita construir consenso y actualizar visiones y puntos de vista, porque, aunque el tema de la globalización ya lo tenemos más conceptualizado como aquí se ha hablado, hay rasgos nuevos del imperialismo, hay rasgos nuevos incluso de la globalización. Gambina y otros ponentes han planteado todo este tema, de la liberalización de los mercados, y sobre todo la aplicación de medidas coercitivas. Esa es una motivación. Un compromiso.
La otra es de aprendizaje. A los que tenemos hoy tareas de dirección, sobre todo en la construcción socialista, en un país que no va a renunciar a eso, y que tiene que construir el socialismo en medio de una coyuntura internacional sumamente compleja, a 90 millas de la potencia imperial más grande del mundo.
Vivimos hoy un bloqueo recrudecido. Cuba no está viviendo el mismo bloqueo que denunciábamos hace unos años. Desde el segundo semestre de 2019 hacia acá estamos viviendo otras condiciones de bloqueo de manera terrible. Por eso, para nosotros, todo el enfoque desde la economía política y desde el análisis marxista nos ayuda mucho. Para corregir, para perfeccionar, lo que hacemos, lo que nos proponemos, y sobre todo para mantener el camino de la construcción socialista.
Hoy, dentro de lo que es posible hacer, en tiempos como este, y buscando que con lo que hacemos en el presente no estemos malogrando el sueño futuro del socialismo, como modelo, como construcción.
Y esto tiene que ver mucho con este enfoque hacia la economía política, el enfoque crítico desde el marxismo. Tiene que ver mucho con que aquí diseñamos un sistema de gestión de gobierno basado en ciencia e innovación, para enfrentar la crisis de la pandemia. Pero que nos dio un aprendizaje que ahora lo estamos llevando al resto de los ámbitos de la vida ideológica, de la vida económica, de la vida social del país.
Y todo este elemento de crear grupos de trabajo donde estén todos los saberes, grupos multidisciplinarios, intersectoriales, de expertos y académicos, los hemos involucrado en la actividad de la economía, en la actividad social, pero también incluso en la actividad del Partido Comunista Cubano.
Nosotros tenemos grupos de asesores que nos están ayudando a formular, a estudiar, a conocer, a actualizar, los elementos del sistema político, de trabajo, con los clientes, la formación de los cuadros, con la atención a los problemas económicos, a las entidades de gobierno.
Yo digo que a veces el Palacio de la Revolución parece un palacio de ciencia, porque ahí entran y salen mujeres y hombres de las Ciencias todos los días. Porque nada de lo que se discute se aborda sin estar presente el criterio de experto, el criterio de los académicos, en todos los sentidos. Y hemos pedido, que los juristas, los economistas, los políticos, los marxistas estén presentes en todos esos debates.
Hoy todos los grupos se están formando, y están trabajando en políticas públicas, en políticas de gobierno, en políticas de Estado, y en leyes, tienen estos componentes. Además de los saberes propios del tema que se está buscando, para que no haya equivocaciones en los enfoques marxistas, en los de economía política, en los enfoques jurídicos, y además porque ganamos tiempo. Porque si no trabajamos con estos instrumentos, estas políticas, y las llevamos después a debate popular, o a los debates especializados ¿Qué es lo que pasa? Que, si no están robustas desde el punto de vista de la visión marxista o la visión de la economía política, desde la visión jurídica tenemos que regresar atrás. Por la cantidad de señalamientos que se hacen. Y esto nos aporta mucho.
Estuve ayer en una sesión –del congreso- de cooperativismo que nos ratificó muchas de las situaciones que tenemos hoy y pueden aportar al modelo económico social de nuestro país.
Aquí –en esta sesión- se empezó abordando el tema del desorden monetario financiero internacional. No les voy a hablar desde lo académico sino desde las visiones personales, las vivencias propias, y sabiendo que hay cosas en las que a lo mejor no tengo la razón, pero voy a hablar con honestidad. Yo quisiera abordar esto desde dos visiones. Una, desde el papel de Cuba en la presidencia pro tempore del Grupo de los 77, y otra sobre la propia situación de Cuba.
Nosotros nos planteamos en el país hacer una presidencia muy activa en el Grupo de los 77 durante todo el año. Hemos convocado constantemente a todos los países de este grupo a debates sobre los temas actuales. Hicimos una cumbre del Grupo de los 77 antes de ir a la Asamblea General de las Naciones Unidas, con la perspectiva del tema de la ciencia y la innovación para resolver los problemas globales.
Para esto es que ayudamos a construir un consenso y consideramos que ese consenso se vio reflejado en las intervenciones de los jefes de las delegaciones de los miembros del Grupo de los 77 en la Asamblea General de Naciones Unidas.
Representando al Grupo nosotros estuvimos en la cumbre para el Financiamiento al Desarrollo como pomposamente se le llamó, en Francia. Ahí me recordé mucho de algo que decía Chávez, ‘los presidentes van de cumbre en cumbre y los pueblos de abismo en abismo’. Era una farsa.
Ahí veías a los representantes de todas las instituciones bancarias, financieras internacionales, hablando de supuesto financiamiento para los países en desarrollo. Una mentira. ¿Dónde están los financiamientos? Tratan de ganar tiempo y engañarnos. Ni tan siquiera los fondos que se han planteado en todas las cumbres para ayudar a mitigar los problemas del medioambiente, para construir con el principio de las responsabilidades compartidas y diferenciadas, se ha dado; y siguen creciendo los gastos militares.
Hoy estamos sufriendo el genocidio del pueblo palestino en Gaza.
Entonces ver todo aquello, todas aquellas promesas, y como entonces te van imponiendo criterios de una filosofía de liberalismo, de neoliberalismo, y como alguna gente nuestra se las va tragando. Y yo no digo que no haya cosas que haya que promover, que no haya que tener como aspiración, pero también hay que ver las trampas de los enfoques que nos tratan de imponer. Ver el pensamiento neoliberal.
Hay una cantidad de transiciones y de colores tremenda: ‘transición verde’, ‘economía verde’, ‘transición energética’, que no digo que no haya que buscar cosas más eficientes. Pero uno dice, los países del Tercer Mundo, o los países en desarrollo, cuándo van a tener financiamiento y posibilidades para eso. Porque además en todos los debates en los que hemos estado y los que hemos promovido, con relación a los países del sur que están en el Grupo de los 77 más China, lo que nos dicen es que están excluidos del crecimiento global. Eso te lo plantean todos los países.
Este desorden financiero y monetario internacional está representado en el orden económico y financiero internacional, hay consenso en los países del sur que hay que eliminarlo y que tenemos que ir a otra construcción, porque es el principal obstáculo para lograr el derecho al desarrollo de estos países. No solo tener el desarrollo, sino para tener el derecho a desarrollarse, que nos lo están negando.
Además, se va viendo que hay un grupo de datos que están dando la creciente brecha de desarrollo entre norte y sur. Y crece el endeudamiento también (…), que es una batalla que Fidel inició en los años ’80 y que hay que seguir dando, porque hoy la deuda externa sigue siendo un problema de nuestros países. Se cumplen 40 años del libro de Fidel sobre la deuda externa.
Por otra parte, representando al Grupo de los 77 estuvimos en la cumbre de los BRICS, en Sudáfrica. Ahí vimos un enfoque diferente. Ahí hay que ver, es un grupo de países muy nuevo, pero para los países del sur hay un enfoque más inclusivo, de más sensibilidad hacia los problemas del sur, yo diría que hay un enfoque más cooperativo y ahí hay que observar cómo se va moviendo. Que una persona como Dilma, con su compromiso, esté al frente del banco del Grupo de los BRICS, también abre posibilidades para los países en desarrollo. Esa es la visión del Grupo de los 77.
Pero vamos un poco –ahora- a la visión de Cuba. Creo que podemos interrelacionar los elementos que se han planteado aquí en varias ponencias, en particular la de Pasqualina, (Pasqualina Curcio Curcio) que casi ha retratado o descripto la situación cubana.
Como yo les decía vivimos un bloqueo recrudecido. Ese bloqueo recrudecido comenzó en el segundo semestre de 2019 cuando empezamos a sentir el efecto de más de 243 medidas que aplicó la administración norteamericana de Trump. Para colmo, 8 o 9 días antes de entregar la presidencia, en los días de enero del 2020, nos incluyen en una lista de países que supuestamente –todo el mundo sabe que es absurdo, que es mentira- apoyan el terrorismo. En estos dos elementos de recrudecimiento del bloqueo y la inclusión en la lista de países terroristas hay argumentos que demuestran lo que defendió recién Pasqualina como hipótesis, que es una tesis ¿cómo juega el poder dinero en la hegemonía? Fíjense, aquí usted puede recrudecer el bloqueo entre otras cosas porque aplican el cap. 3 de la Ley Helms Burton. Ese capítulo internaci onaliza el bloqueo.
¿Cómo una potencia tiene condiciones para internacionalizar el bloqueo? Sencillamente por la hegemonía, y la hegemonía está basada en el dinero. Porque hay una cantidad de interrelaciones que hay que conocer. Toda una trama de interrelaciones, bancarias, financieras, institucionales en donde todo el mundo le rinde cuentas a los yanquis. Y por eso los yanquis pueden promulgar una ley llamada Helms Burton donde internacionalizan el bloqueo. Y bajo esa ley se sancionan bancos en cualquier lugar del mundo, se sanciona agencias financieras en cualquier lugar del mundo, impide a Cuba cualquier operación bancaria o financiera, sencillamente por las políticas del bloqueo internacionalizado. Que se recrudece cuando te ponen en la lista de países terroristas. Ahí se te corta todo.
¿Por qué EE.UU. lo puede hacer? Por la hegemonía que tiene a partir del dinero. Eso nos ha puesto en una situación extremadamente compleja de resolver. Bajo esas condiciones nos provocaron desabastecimiento de alimentos, de medicamentos, de materias primas para impulsar los principales procesos de producción y servicios.
En Cuba, sin tener piezas de repuesto para poder darle los mantenimientos que van a nuestro sistema electroenergético nacional, sin tener crédito, sin tener nuevas inversiones para el desarrollo, nos llegó la COVID. Entonces aquí hubo una confluencia de problemáticas que nos han llevado a esta situación que hemos vivido en los últimos tres años.
Nosotros estamos viviendo con la cuenta corriente (ajustando la cuenta contable con la cuenta corriente). Aquí no hay crédito para inversiones, aquí no hay crédito para nada. (…) Aquí todas las semanas se hace un ejercicio, un grupo de compañeras y compañeros hacemos una lista: esto fue lo que entró y esto es lo que se necesita el país –hay una lista larguísima-. Hay que volvernos magos para ver cómo este poquito se lo ponemos a algunas prioridades. Solo algunas prioridades. No hay otra. No tenemos otras reservas. Todo esto cortó nuestras principales fuentes de ingreso. Los ingresos por exportaciones, por el turismo, las remesas, todo. Lo recortó a niveles muy altos.
Eso ha provocado también –un límite en- uno de los temas que planteó Alejandro (Alejandro C. López Bolaños), en el tema de infraestructura. No hemos podido ponerle inversión a la infraestructura. Materiales, institucionales, etc. sobre todo cuando nosotros tenemos una vocación desde el proceso de construcción socialista de que la mayor parte de nuestras inversiones en infraestructura están llevadas a lo institucional para potenciar programas sociales. Educación, salud, cultura. Uno recorre Cuba y en cualquier lugar va a encontrar una institución del sistema de atención primaria, del sistema de atención de salud, una institución del sistema educacional, va a encontrar una institución cultural, además de las inversiones que se han hecho en áreas industriales, en el propio sector electroenergético.
Y lo más interesante de esto tiene que ver con la hegemonía del capitalismo. Eso de que la democracia representativa con pluripartidismo es democracia, es una mentira. Una administración republicana nos aplicó las 243 medidas y nos puso en la lista de países que apoyan el terrorismo. Una administración Biden, nos ha mantenido en la lista y ha mantenido las 243 medidas sin ninguna alteración. Entonces es una mentira de que hay dos partidos en EE.UU. Hacen lo mismo. Mandan los partidos. O manda el complejo militar industrial.
Vamos a los orígenes de esta campaña mediática y todo el poderío donde está el dinero atrás, como hegemónico, que también tienen en los medios de comunicación masivos, en las redes sociales y en la propia internet, como han podido camuflajear sus responsabilidades con el conflicto europeo y con el genocidio en Gaza.
Esas son las tristes realidades del mundo provocadas por este desorden monetario y financiero, entre otras cosas.
Esas situaciones que hoy están presentes en Cuba nos han limitado mucho en la disponibilidad de divisas para enfrentar los problemas y las necesidades del país. Tiene que ver entonces con lo que Pasqualina muy bien describió. Al no poder potenciar un mercado cambiario legal se nos potencia un mercado cambiario ilegal. Que prácticamente se convierte en el fijador de precios de la economía y de la vida y del comercio interior. Apoyado desde plataformas especulativas contrarrevolucionarias que están fuera de Cuba, y que funcionan en las redes sociales. Se las aplicaron a Venezuela también. Y son las que se van convirtiendo en referentes del tipo de cambio, y especulan sobre el tipo de cambio. Y nosotros hemos comprobado que el cambio legal no es ése, pero hay uno que se promueve por una plataforma contrarrevolucionaria, que se toma, a veces, como referencia.
Estoy de acuerdo con Pasqualina que hay una construcción ideológica, para atacar en lo económico y para provocar desestabilización. Y ahí entonces, suben los precios, tenemos inflación, el poder adquisitivo es menor, y se nos acumula un grupo de problemáticas sociales. Todo esto está presente desacreditando al gobierno, desacreditando a la Revolución, la tesis de estado fallido, nos ponen también como que somos dictadores, y todas estas cosas que son una construcción que responde a la guerra no convencional.
Hoy yo diría que como parte de esa guerra no convencional ante Cuba hay tres elementos: una es la concepción de asfixia económica, la describió José Luis (Rodríguez) cuando se refirió al memorándum Mallory en su brillante conferencia junto a la de Gambina el día que inauguramos el evento. La apuesta del gobierno norteamericano es con el recrudecimiento del bloqueo seguir apretando las tuercas económicas para buscar la fractura entre la población cubana y el gobierno y que eso lleve al estallido social a la inestabilidad, después el pretexto para intervención humanitaria. Eso lo vimos en Venezuela, eso lo vimos en Nicaragua también, son elementos de guerra no convencional.
Esto se apoya con otra estrategia estructurada de subversión ideológica, fíjense que siempre hablan de cambio de régimen, y cada vez que nosotros hacemos una medida tratan de ver como ahí se montan para el supuesto cambio de régimen. Ahora que hemos desarrollado, por determinado análisis que hemos tenido que hacer, que hemos planteado que dentro de nuestro modelo económico social socialista puede existir un sector no estatal como complemento de la economía estatal, están apostando a que ese sector no estatal se convierta en un agente de cambio de la Revolución. Y esa plataforma de subversión ideológica que tiene fondos públicos conocidos, en agencias gubernamentales norteamericana como la (…) USAID y fondos oscuros que no se conocen, y que nosotros sí lo sabemos. Entonces están actuando alimentando eso, y apoyados por una campa&nti lde;a mediática de descrédito de la Revolución Cubana en las redes sociales, como dice nuestro amigo Frei Betto, no son redes sociales, son redes digitales y a veces actúan más como antisociales que como sociales. Por toda la vulgaridad, la banalidad y la perversidad con la que se generan los contenidos, en esas redes.
Y aquí hay otro elemento más, y alguien se refirió aquí a él, yo creo que fue la propia Pasqualina, es que hay una plataforma de colonización cultural. Nos quieren convertir de nuevo en una neocolonia. Y esa no es solo para Cuba. Esa es la distinción que nosotros hacemos, es para el mundo entero. Porque para ser hegemónicos, lo primero, es que hay que romper las identidades de los pueblos con sus raíces. Es una batalla cultural y cuando logran que los pueblos rompan con su identidad, con su cultura, en su sentido más amplio rompan con su historia y vean como obsoletos los valores que les da esa historia. Entonces acá aspiran a cambiar los paradigmas. Y ¿cuál es el paradigma que tratan de imponer? El paradigma hegemónico. Hay que ver que escriben los ideólogos norteamericanos en sus libros sin una gota de vergüenza. Están tan convenci dos de esto que no lo ocultan. Y de ahí que millones de personas en el mundo asumen sus patrones, de música, de consumo, la industria del entretenimiento y todos estos elementos.
Todo está orientado también a fracturar la conciencia social. Sin conciencia social los pueblos no pueden hacer revoluciones. Sin conciencia social los pueblos no pueden entender lo que está pasando. Sin conciencia social los pueblos no pueden discernir cuanta trampa hay en ese mensaje consumista y no pueden discernir cuales son los verdaderos propósitos hegemónicos del imperialismo.
Y entonces todo esto choca en la economía cubana. José Luis hacía un análisis histórico de cómo Fidel concebía sus aportes a la economía cubana, y marcó un rumbo. Yo siempre me he debatido en una contradicción personal, interna, por un lado, me toca ser muy crítico de nuestra economía, porque si no soy crítico no estamos viendo lo que estamos haciendo, no perfeccionamos. Y tengo una responsabilidad con eso.
Pero también la veo de otra visión que es la que creo José Luis ha tratado de expresar, esa economía que yo critico, la critican los cubanos, estamos insatisfechos con lo que se ha logrado hacer. No olvidemos que ha mantenido una obra social. Con un grupo de resultados que no lo tienen países que tienen mucho más dinero que Cuba. Entonces vamos a ver en que se ha sido ineficiente y en que se ha sido eficiente. Sobre todo, porque es una economía que se ha desarrollado en condiciones de guerra, en condiciones de agresión.
Pero incluso con todos los efectos del recrudecimiento externo, con todos los efectos de la pandemia, los indicadores de salud, educación, cultura, deporte, en Cuba siguen siendo elevadísimos. Y siguen estando por encima de lo que nos corresponde como una isla de diez millones de habitantes. Y no dejamos de observar que hay indicadores que se nos han resentido un poco en medio de esta situación. Por eso mucha infraestructura se orientó, mucha inversión se orientó, hacia el sector social y hacia las personas, hacia programas sociales.
En medio de esto Uds. me dirán, pero ¿cuál es la solución? Yo creo que la solución que tenemos en las condiciones actuales, nosotros de momento no podemos, por nuestras exportaciones, por otras cosas que hagamos, no podemos lograr todo el ingreso de divisas que necesita el país. Pero no nos vamos a rendir. Tenemos que ir buscando caminos. Profundizando. Perfeccionando cosas que nos permitan con el menor gasto de divisa, cómo podemos potenciar la producción: trabajando compañeros y compañeras. Trabajando. ¿Cómo creamos riqueza en esas condiciones? ¿Cómo repartimos la riqueza? Con justicia social. Y así estamos apoyando el socialismo.
Uds. me dirán, ¿pero eso es un poco idealista?
No. Yo desarrollé la convicción cuando enfrentamos la COVID, (sobre) la “resistencia creativa” y lo he compartido.
Nosotros con la COVID no solo resistimos. El tema de la pandemia, el recrudecimiento del bloqueo.
Nosotros con La COVID, además, nos desarrollamos y avanzamos. Cuando aquí la COVID entró, y cuando nos dimos cuenta que nosotros no íbamos a tener acceso a las vacunas que se estaban haciendo en el mundo, convocamos a nuestros científicos. Ahí fue donde pusimos a punto el sistema de gestión de gobierno basado en ciencia e innovación que ahora lo estamos llevando a la soberanía alimentaria, y a otros ámbitos. Y les dijimos: aquí hace falta soberanía para enfrentar esto y la soberanía nos la da una vacuna cubana. Una vacuna cubana.
Eso fue en marzo del 2021. En julio del 2021 había ya el primer par de candidatos vacunales. La historia después Uds. la conocen. Cinco candidatos vacunales. Hoy tres son vacunas probadas con una efectividad tremenda ante las cepas más virulentas que hay. Debido a la pandemia, dos son hoy candidatos vacunales que están en fases avanzadas de desarrollo clínicos. Hay uno de ellos, la Mambisa, que cuando salga va a ser un palo (como dicen los cubanos) con tecnología moderna que se aplica por vía nasal ¿Y qué logramos entonces? Cuando teníamos al 60 % de la población vacunada con primera dosis, se cayó el pico pandémico que venía de varios meses.
Hoy Cuba es uno de los dos países que más dosis de vacunas ha aplicado por habitante. Es uno de los veinte o veintipico países que tiene en el mundo más del noventa por ciento de su población vacunada con esquema completo, con una vacuna propia.
Fuimos los primeros en el mundo que vacunamos población pediátrica por encima de los dos años. Una letalidad de 0,76, hoy el mundo tiene una letalidad de uno, y América Latina y el Caribe una letalidad de más de 1,4. Y eso lo hicimos en esas condiciones. ¿Resistimos nada más? Resistimos y avanzamos. ¿Cuántos países en el mundo producen vacunas? No son más de diez. Pero, ¿Cuántos países en desarrollo pudieron crear su propia vacuna? Solo Cuba.
Y no la usamos solo nosotros. La compartimos con otros países del mundo. Como fueron nuestros médicos también a lugares que eran epicentro de la enfermedad, en momentos muy complejos y dieron ahí ayuda internacional. De esas brigadas médicas, ahora el imperialismo, con esa campaña de colonización cultural y de descrédito mediático, está diciendo que es explotación de fuerza de trabajo.
Pero como dijo Fidel, nosotros no mandamos soldados al mundo, nosotros mandamos médicos. Y es para salvar vidas. Y fíjense esas vacunas no están registradas. Ni esa, ni la rusa, ni la china, están registradas. Habrá que ver por qué. Por el poder del dinero, por el poder de las trasnacionales de la medicina farmacéutica, a las que no le interesa cada medicamento, que no le interesa el medicamento que resuelva la enfermedad, le interesa la gente enferma para poder vender más y tener más utilidades.
Entonces a nosotros con estas cosas que les describí nos están aplicando una lógica imperialista. Y la respuesta de Cuba va a seguir siendo la construcción socialista.
Hemos cometido errores, sí. Los estamos valorando, estamos en un proceso de valoración, estamos tomando referencia de un proceso de rectificación al que convocó Fidel en los años ’80. Y en los próximos meses estaremos compartiendo con nuestra población todo un grupo de cosas que queremos hacer de análisis conjunto sobre errores, corrección, pero no vamos a renunciar a la construcción del socialismo.
Tenemos que enfrentar errores, tenemos que enfrentar problemas acumulados que tenemos, de una época muy compleja, como la que les estoy refiriendo del periodo especial. Y tenemos también que enfrentar problemas nuevos que nos crea la situación internacional. Nosotros no somos una burbuja en el mundo. Y eventos como este, la participación de ustedes, los enfoques que ustedes dan. Nos dan aprendizaje. Nos dan luces para lo que tenemos que hacer. Pero también nos ratifican muchas convicciones. Porque lo que Uds. están denunciando y discutiendo hoy aquí, es parte de lo que nosotros también estamos enfrentando, con las convicciones que nosotros tenemos. Muchas Gracias. (Aplausos).
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