28 de dez. de 2023

NOVA ETAPA DA REVOLUÇÃO / NUEVA ETAPA DE LA REVOLUCIÓN - Silvio Rodriguez

                      

Por Silvio Rodriguez

Ainda estamos timidamente a tentar ultrapassar o cataclismo econômico - e, sem dúvida, político - desencadeado pela "ofensiva revolucionária" de 1968, que "se descontrolou" em termos do alcance e dos objetivos daqueles que a desencadearam, de acordo com os testemunhos de alguns dirigentes muito antigos.

Em 1985, visitei a URSS pela última vez e, sem ser um especialista político ou econômico, cheguei à conclusão de que estava indo por água abaixo. Três anos mais tarde, vendo a derrocada aproximar-se, começamos em 28 de janeiro, no busto de Martí, no Turquino, uma turnê que imaginámos curativa e a que chamamos Por la Patria (Pela Pátria). Depois de 35 concertos, a concluimos na Plaza de la Revolución.

Pouco depois do desaparecimento daquele socialismo, Fidel confessou a um jornalista estadunidense que o nosso modelo já não nos servia. Teve a coragem de reconhecer a sua inexperiência nos primeiros anos e deixou-nos um decálogo presidido pela afirmação de que a Revolução significa mudar tudo o que deve ser mudado.

Cuba não só teve de conseguir avançar, como também teve de resistir a invasões, sabotagens, ingerências de todo o género e a um bloqueio de crueldade e duração históricas. Não somos, como país ou como povo, o que teríamos sido sem essa hostilidade.

Mesmo assim, penso que devemos saber ultrapassar os traumas e os condicionamentos. Não pelo esquecimento, mas pela capacidade de aprender a superá-los com acções regenerativas.

Todos sabemos que o cerne do descontentamento tem a ver com o bem-estar afetado. A saúde, a educação, a segurança de centenas de milhares de famílias que trabalharam na esperança de um futuro melhor. Não há ideologia que se sustente sem bem-estar. Esquecer isso não é apenas insensato: é desumano. Por isso, tudo o que conseguirmos nessa direção é a coisa certa a fazer.

Penso que o nosso primeiro objetivo é esse, por mais simples e incompleto que possa parecer. O bem-estar do povo. Martí disse-o da forma mais direta e bela: "Ganhado tenho o pão. Faça-se o verso "

Silvio.     

                                                                                            26 de dezembro de 2023

                                                          


MARTES, 26 DE DICIEMBRE DE 2023

Nueva etapa de la revolución

Por Silvio Rodriguez

Estamos, aún tímidamente, tratando de superar el cataclismo económico -y sin dudas político- que desató la “ofensiva revolucionaria” de 1968, que “se les fue de las manos” en calado y propósitos a quienes la pusieron en marcha, según testimonios de algunos muy altos dirigentes.

En 1985 visité por última vez la URSS y, sin ser especialista político o económico, llegué a la conclusión de que aquello se estaba yendo a pique. Tres años después, viendo acercarse la debacle, un 28 de enero empezamos, en el busto de Martí en el Turquino, una gira que imaginamos sanadora y que titulamos Por la Patria. Luego de 35 conciertos la concluimos en la Plaza de la Revolución.

Poco tiempo después de la desaparición de aquel socialismo Fidel le confesó a un periodista norteamericano que nuestro modelo ya no nos servía. Él tuvo el valor de reconocer su inexperiencia de los primeros años y nos dejó un decálogo presidido por la afirmación de que Revolución es cambiar todo lo que debe ser cambiado.

Cuba ha tenido no solo que ingeniárselas para avanzar sino que también ha tenido que resistir invasiones, sabotajes, injerencias de todo tipo y un bloqueo histórico en crueldad y duración. No somos, como país ni como personas, lo que hubiéramos sido sin semejante hostilidad.

Aún así, creo que debiéramos saber ponernos por encima de traumas y condicionamientos. No olvidando, sino siendo capaces de aprender a superar aquello con acciones regeneradoras.

Todos sabemos que el núcleo principal del descontento es por el bienestar dañado. La salud, la educación, la seguridad de cientos de miles de familias que trabajaron con la esperanza de un futuro mejor. No hay ideología que se sostenga sin bienestar. Olvidar eso no sólo es insensato: es inhumano. Por eso todo lo que logremos en esa dirección es lo correcto.

Creo que nuestra primera meta es esa, por simple, por incompleta que pueda parecer. El bienestar del pueblo. Martí lo dijo de la manera más directa y hermosa: “Ganado tengo el pan: hágase el verso. “


Silvio

Tradução/ Edição: Carmen Diniz/ Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba e às Causas Justas



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