15 de out. de 2016

CUBA/CRÔNICAS DO BLOQUEIO – UM FURACÃO DE EXPERIÊNCIA

#PELOFIMDOBLOQUEIO
#CubaVsBloqueo #YoVotoVsBloqueo #SolidaridadVsBloqueo 

  
Lindo relato da companheira Laura Mor em seu trabalho jornalístico sobre o furacão Matthew em Cuba
 

 Laura V. Mor - 12 de outubro de 2016

Quando alguém te propõe uma viagem de trabalho em geral é uma linda experiência, mas se à proposta se soma que o objetivo é cobrir a passagem de um furacão com o prognóstico de alcançar intensidade 4 – de 5 – na escala Saffer-Simpson, sendo o mais forte a atingir a região na última década, a experiência se supõe única.

Na Argentina, meu país de origem, nunca sofremos fenômenos climáticos deste tipo, por isso foram inevitáveis meus medos; mas não foram razões suficientes para dar uma resposta negativa. Era um grande desafio que me permitiria viver situações jamais imaginadas junto ao povo cubano e conhecê-lo, e assim compreendê-los mais profundamente. Mesmo assim, nesse instante antes de dar a resposta que sem dúvida marcaria sua vida, passam desordenadamente em teus pensamentos, em milésimos de segundos pessoas que deixaste distante, situações, projetos; a resposta não poderia ser outra que sim.

Após arrumar uma pequena bolsa com o indispensável, partimos a bordo de uma “guagua” – como se chamam aqui os ônibus – com destino a Santiago de Cuba, lugar onde se previa que Matthews atacaria. Após 15 horas de viagem passando por vários povoados, chegamos eu e Héctor, meu companheiro fotógrafo do Resumen , à cidade onde nos esperavam representantes do Centro de Imprensa Internacional para nos dar as orientações que facilitariam nosso trabalho nos dias subsequentes.

Sete anos transcorreram desde a última vez que visitei Santiago e está muito diferente, mas da mesma forma bonita. Dava pena pensar que novamente um furacão arrasaria com tudo, como aconteceu com “Sandy” em 2012 e que o Estado destinaria novamente grandes quantias de investimentos para a reconstrução, fundos que a um país que sofre um bloqueio criminoso, não é fácil recuperar.

Na manhã de segunda-feira se via poucas pessoas nas ruas e muitos preparativos. Tapumes em vidros e janelas, reforço de portas, sacos de areia nos tetos, tudo era novidade para mim. Muitas vezes se lê sobre a organização cubana ante catástrofes deste tipo, mas vê-la é impactante. Às vezes nos surge a dúvida de como é possível que em outros países, inclusive desenvolvidos, um fenômeno desse tipo deixe um saldo de centenas ou milhares de mortos, enquanto em Cuba, um pequeno e pobre país bloqueado pela maior potência do mundo, isso não aconteça.

No transcurso dos dias que Matthews passou pela ilha, qualquer pessoa podia se informar a qualquer hora pelo rádio e televisão sobre as orientações da Defesa Civil e as novidades nas diferentes localidades. Não havia cubano com quem eu falasse que não me lembrasse que “em Cuba o importante é garantir a vida”, uma das premissas socialistas fundamentais da Revolução Cubana. E não eram somente palavras.....

Todos os estabelecimentos estatais foram preparados para receber evacuados, brigadas voluntárias de jovens e adultos para ajudar no que fosse necessário, materiais colocados com antecedência em localidades próximas para poder atuar rápido quando o desastre da passagem de Matthews fosse inevitável, médicos para assistir as pessoas que precisem. E o principal: a evacuação de centenas de milhares de pessoas que com enorme disciplina se dirigiam aos albergues determinados, até dentro das montanhas. Tudo estava disposto e organizado a fim de evitar perdas humanas e reduzir ao máximo os danos materiais.

Ver com os próprios olhos a fúria da natureza golpeada pela mão do homem moderno,a industrialização desmedida e a priorização de um custo menor sem olhar o dano incalculável que se faz ao meio ambiente assusta e nos faz recordar a quantidade de vezes que um líder visionário como Fidel chamou o mundo a tomar consciência.

Para alguém que viveu toda sua vida imersa no sistema capitalista, onde o Estado nem sempre responde como se espera ou que ainda que responda no discurso político, na prática, muitos anos depois províncias inteiras continuam esperando a promessa de solução após uma inundação, sentir a confiança de um povo ao saber que não estariam desamparados quando o furacão passasse, ver um povo mobilizado solidariamente para ajudar onde seja preciso, inclusive recebendo em suas próprias casas vizinhos que o necessitavam, emociona.

Constatar que o Presidente cubano Raúl Castro - como antes o fazia Fidel – desde o primeiro momento esteve à frente do que este perigo significava, dirigindo pessoalmente de Santiago e Guantánamo toda a previsão e logo após a passagem arrasadora do furacão se dirigindo aos locais mais afetados para dar alento e confiança na reconstrução, orgulha.

Saber que, apesar do povo cubano estar sofrendo uma inclemência deste tipo, o bloqueio imposto pelos Estados Unidos continua sua criminosa vigência, indigna. 

Por que não houve mortos em Cuba com a passagem do furacão? A resposta a essa interrogação não é outra: porque existe uma Revolução que tem líderes como Fidel e Raúl que jamais abandonarão seu povo.

Milhares de casas e estabelecimentos ficaram totalmente destruídos ou sem teto em Baracoa, Maisí e Imias. Estradas total ou parcialmente interditadas por pedras enormes. Centenas de postes de luz destruídos, bosques e plantações de café derrubados. Em meio ao cenário desolador que deixou a passagem de Matthew nos povoados do extremo oriente de Guantánamo, uma família levantou em Maisí duas bandeiras cubanas, sinal de que estavam vivos e a estrela solitária uma vez mais tinha ganhado a batalha.

Imediatamente após começou a etapa de recuperação na qual está imerso todo o povo e liderado pelo seu governo.

                                                                  VENCEREMOS !!!

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