Alicia Jrapko 1 de
agosto de 2019 Por Comitê Internacional Paz, Justiça e Dignidade aos Povos
De 25 a 28 de julho realizou-se em Caracas, Venezuela, o XXV
Foro de São Paulo, com a participação de 190 organizações, partidos políticos,
movimentos sociais, movimentos operários, parlamentares e intelectuais de América
Latina, Caribe e vários continentes.
A data escolhida para este encontro histórico teve um caráter
simbólico. Durante esses quatro dias celebraram-se vários acontecimentos
históricos coincidentes como o nascimento do Libertador Simón Bolívar, o
assalto ao Quartel Moncada que marcou o início da revolução cubana e o 65º
aniversário do nascimento do Comandante Hugo Chávez.
O Foro de São Paulo é o evento de unidade progressista mais
antigo de América Latina. O primeiro Foro celebrou-se na cidade de São
Paulo, Brasil, em 1990, por iniciativa do histórico líder da revolução cubana
Fidel Castro Ruz e do então líder do Partido dos Trabalhadores do Brasil (PT),
Luiz Inácio Lula da Silva. Os dois fizeram um chamado aos partidos e
organizações políticas da América Latina e Caribe para discutir alternativas às
políticas neoliberais. Desde então, o Foro adotou o nome da cidade onde nasceu.
Vinte e seis países da América Latina e Caribe são membros do Foro.
Hoje em dia, o cenário de toda América Latina é muito diferente
ao dos foros anteriores. Dos dois líderes que deram vida à ideia do Foro de São
Paulo, um já não está fisicamente presente e o outro está cumprindo uma
sentença injusta em uma prisão brasileira por ter tido a audácia de tirar 30 milhões
de brasileiros da pobreza. O triunfo da revolução bolivariana em 1998, com a
eleição popular de Hugo Chávez, abriu a porta a uma nova etapa continental na
qual surgiram projetos progressistas em Brasil, Argentina, Uruguai, Bolívia,
Equador e El Salvador. A situação atual é muito diferente à de
então. A integração da América Latina está agora em perigo, e vários
países da região estão dirigidos por governos fantoches subordinados aos
desígnios do governo dos Estados Unidos. Venezuela tem resistido, mas está na
mira do império para este conseguir uma mudança de regime a todo custo. Esta
realidade tornou mais importante que nunca que o Foro se celebrasse na
Venezuela. Nunca antes, nos 29 anos decorridos desde sua criação, o país
anfitrião foi mais assediado e bloqueado
e é aqui onde o destino da Grande Pátria está em jogo.
Apesar da difícil situação desta nação sul americana, cujo único
crime aos olhos do imperialismo norte-americano tem sido utilizar seus vastos
recursos naturais para a melhoria dos pobres e despossuídos, aproximadamente
700 pessoas uniram-se a centenas de venezuelanos neste evento de 4 dias para
discutir as questões criticas de América Latina e também para revigorar o mesmo
espírito de integração regional semeado por quem fundou o Foro. Em geral, os
assistentes vieram mostrar ao mundo que Venezuela não está sozinha.
Os delegados procedentes dos Estados Unidos tiveram que passar
por uma série de obstáculos adicionais só para chegar a Caracas. Após a
suspensão das relações diplomáticas em janeiro de 2019, viajar à Venezuela
tornou-se mais difícil sem voos diretos desde Estados Unidos e sem consulados
para outorgar vistos. No entanto, os ativistas foram criativos e encontraram
a maneira de estar presentes, incluindo representantes do Coletivo para a
Proteção da Embaixada venezuelana em Washington DC, que ocuparam e protegeram a
embaixada durante 37 dias.
Durante a cerimônia de abertura do Foro, o Primeiro
Vice-presidente do Partido Socialista Unido de Venezuela (PSUV) e presidente da
Assembleia Nacional Constituinte, Diosdado Cabello, marcou a pauta quando disse à entusiasta audiência: “Ninguém poderá fazê-lo sozinho,
o que se precisa é a unidade do povo. Quanto mais insistam, mais vamos resolver
nossos problemas; aqui na Venezuela a direita não poderá governar. A direita gosta
das eleições quando ganha, quando o povo ganha não gosta, a direita não
respeita o processo. Não podem, sua natureza não lho permite. A direita é a
mesma em todas partes, sentimos o apoio das pessoas mas essas pessoas também precisam do nosso apoio. Resistimos e
marchamos com a convicção de que vamos ganhar. As pessoas daqui não se deprimem
porque com Chávez aprenderam a ter voz.
Ameaçaram-nos com tudo, inclusive com uma invasão militar, mas estamos
dispostos a defender a revolução bolivariana, que é uma revolução para os
povos, não só para Venezuela. Ninguém pode
fazê-lo sozinho”.
Outros oradores foram Monica Valente, do Partido dos Trabalhadores
do Brasil, e Secretária Executiva do
Foro de São Paulo e o Embaixador da República Bolivariana de Venezuela em Cuba,
Adán Chávez. Também Julio Muriente Pérez, membro do Movimento Nacional
Hostosiano pela Independência de Porto Rico. Muriente falou da vitória popular
que acaba de ocorrer em Porto
Rico. “Milhares de porto-riquenhos
içaram a bandeira da dignidade obrigando o corrupto governador Ricardo Rosello
a renunciar”, disse, enquanto a audiência de pé aclamava: “Não foi ele que renunciou, o povo o tirou”.
É importante assinalar que não se tratava de uma conferência de
palestras, senão de uma reunião de ativistas que no sábado saíram à rua junto a
milhares de venezuelanos para pedir aos Estados Unidos “Mãos fora de Venezuela
e de toda América Latina” Em todas as reuniões e em comícios nas ruas , os participantes expressaram seu apoio
ao único presidente de Venezuela eleito
pela vontade popular, Nicolás Maduro Moros.
Durante o último dia do Foro de São Paulo, o presidente da
Venezuela, Nicolás Maduro, reiterou seu agradecimento aos membros do Coletivo
de Proteção da Embaixada de Venezuela em Washington. “Sua atuação reflete a alta
moral pela defesa da dignidade e soberania do povo venezuelano”,
disse o presidente e entregou aos ativistas uma réplica da espada de Simón
Bolívar.
A cerimônia de encerramento teve lugar após uma caminhada ao
Quartel da Montanha, no bairro 23 de Janeiro, onde descansam os restos de Hugo
Chávez. Na cerimônia de encerramento estiveram presentes o Presidente de
Venezuela Nicolás Maduro e o Presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel. Também
Diosdado Cabello e Monica Valente.
Foi emitida uma Declaração Final de apoio à Venezuela, Cuba,
Nicarágua e outros governos progressistas sob o ataque do imperialismo
norte-americano, e exigiu-se a liberdade de Lula e outros líderes de esquerda
encarcerados por razões políticas.
O que mais demonstrou o XXV Foro de São Paulo foram os exemplos
essenciais e incomparáveis, herdados de Fidel, para guiar os revolucionários da
América Latina e Caribe: a unidade das forças progressistas de esquerda e a
prática do internacionalismo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário