8 de janeiro de 2020 01:01:35
O
presidente de Brasil, Jair Bolsonaro, acusou de terroristas os médicos cubanos
que atenderam em seu país entre 2013 e 2018 –de acordo com dados oferecidos
pelo Ministério de Relações Exteriores de Cuba–a 113 359 000 pacientes, em mais
de 3 600 municípios, e deram cobertura médica permanente a 60 milhões de
brasileiros como parte do programa Mais Médicos, materializado em conjunto com
a Organização Panamericana da Saúde (OPAS).
Em
declarações à imprensa nesta segunda-feira (6) a respeito da situação entre Irã
e Estados Unidos, Bolsonaro não só justificou o assassinato do general Qasem
Soleimani, ordenado por seu aliado político Donald Trump, como também classificou
como terroristas os membros do Partido dos Trabalhadores (PT), que, segundo
ele, "invadiram o Governo por 14 anos", publica Sputnik News.
Sobre
o pessoal cubano da Saúde, no meio de sua euforia difamatória contra todos
aqueles com cujas ideias e princípios não comunga, disse que se encontravam
«tramando nos lugares mais pobres», e os chamou "esquerdalha", que se aproveita
"da gente mais pobre e desinformada para
vender sua política", manipulando a nobreza dos nossos em um programa como o Mais
Médicos, dirigido a famílias de baixa renda que ficaram desprotegidas devido à
decisão irresponsável de seu mandatário.
O
jornal brasileiro O Globo, no mesmo dia em que Bolsonaro deu a entrevista,
afirmou que não existe evidência de que os médicos cubanos estivessem
envolvidos em atividades terroristas, e recorda que a definição de ato terrorista
é o ataque deliberado contra objetivos civis para causar pânico.
O
Presidente cubano, Miguel Díaz-Canel Bermúdez, no ato em homenagem à brigada
médica que participou no Mais Médicos,
destacou que ao redor de 20 000 colaboradores cubanos da Saúde tinham estado no
Brasil, graças ao qual «mais de 700 municípios desse país tiveram um médico
pela primeira vez em sua história».
Recordou
que o programa nasceu como uma iniciativa de Dilma Rousseff, então presidenta do gigante sul americano,
e buscava assegurar a atenção médica à maior quantidade possível de população
brasileira, razão pela qual os especialistas cubanos foram trabalhar em zonas de extrema pobreza como as
favelas de Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador e nas 34 áreas Especiais Indígenas, sobretudo
na Amazônia. Um estudo da Universidade de Minas Gerais revelou que 95 % da
população aprovava essa proposta
humanista.
Não
é a primeira vez que as opiniões de Bolsonaro
têm o efeito de eco das políticas da Casa Branca, o que lhe tem granjeado
o apelido de “Trump do trópico”. Suas
acusações unem-se à cruzada de ataques d Washington contra a cooperação médica
internacional de Cuba, apesar disso a
Ilha assinou em 2019 27 acordos jurídicos
bilaterais com 23 países, e foram atendidos pelo Sistema Nacional de
Saúde
Tradução : Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba
Texto original:
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