15 de nov. de 2022

Reunião da direita mundial, para quê?

A direita pressente sua queda e reorganiza suas forças repressoras de corpo e de ideia. Foto: PL

     Tradução: Marcia Choueri*

   Visto que, neste momento, a direita não dispõe de líderes emblemáticos, seus representantes se reúnem para reciclar ataques contra a humanidade. Daqui a pouco falarão, na Conferência Política de Ação Conservadora, no México, sobre como reprimir os povos, impor reformas trabalhistas e reforçar suas armas de guerra ideológica. Falarão em nome da liberdade e da democracia. Reciclarão seus «valores» – ou antivalores – porque estão preocupados com os «populismos», que inquietam o idílio burguês, enquanto a realidade, dura e crua, reacomoda tudo. Começando pela ideologia da classe dominante, que se assusta e se desespera, quando seus elixires e suas chantagens perdem poder. A cada dia, fica menos fácil esconder os mortos e a miséria que o capitalismo fabrica. E sabemos que estão organizando coisas piores. Como suas mass media vão disfarçá-lo?

     Eles vão se reunir, carregando seu instinto monopólico. Congregarão suas contradições, enquanto o mundo mostra estragos de fracasso civilizatório. Eles sabem que não há como defender o capitalismo que se encarregou de destroçar qualquer chance de prosperidade para a humanidade entre guerras, ruínas político-econômicas, pandemias e devastação da dignidade humana. Compartilharão discursos de ambiguidade salivosa e, entre braçadas de afogado, tratarão de organizar sua ideia de democracia de elite, com seu «pluralismo de monólogos», para garantir lugar ao «discurso único» de endividar todos e assegurar a renda de uns poucos. A qualquer preço.

    Reúnem-se para organizar sua sobrevivência no cenário eleitoral próximo, e porque sabem que já não são capazes de manipular à sua vontade, nem sequer nos campos semânticos de seus interesses. Sabem que sua «inteligência» e seu misticismo escapista entraram em crise. Por isso se munem com mais armamentos legalistas e rebulices, financiam a «guerra judicial» em seu labirinto histórico, armam guerras contra os trabalhadores, disfarçadas de reformas trabalhistas, reordenam o mapa do saqueio dos recursos naturais, e reorganizam suas forças repressoras de corpos e ideias… tudo isso com balbúrdias por causa da «corrupção» e da «insegurança» enquanto promovem todas as quinquilharias do neofascismo. Exibirão sem pudor uma moral monopólica, que exige o desaparecimento de toda competição. E nós, o que fazemos enquanto isso?

    Eles pressentem sua queda e se dispõem a fechar toda e qualquer saída para uma nova sociedade. Derretem os miolos para disfarçar as mais rançosas manias de controle e reformismo. Reúnem-se para consolidar blindagens para seu modelo econômico, desde as bases de suas estruturas jurídicas e militares… sua perda de «ideias» e de futuro na espiral descendente e abismal de sua decadência. Também vão rever a instrução imperial protocolada pela «direita mãe», que exacerba sua decisão cada vez mais medíocre de se refugiar no reino da mediocridade mediática. Não é um «trocadilho», é o relato de uma decadência que, quanto mais afunda, mais carnavalesca fica, e mais perigosa pode se tornar, se nos descuidamos. Sua reunião conterá nichos de vassalagem e ridículo, entre vãos de intransigência individualista, independente de que nome lhe deem. E, enquanto isso, serão aplaudidos por suas «teles».

     Isso que lhes resta como agenda político-econômica será desfeito a golpes de egolatrias linguarudas domesticadas, para fabricar eufemismos que camuflam, de mil maneiras, o ódio de classe burguês. Seus representantes mais conspícuos têm a tarefa infausta de imaginar ilusões rentáveis para seus chefes, criar-lhes miragens sobre si mesmos e sobre seu destino messiânico. Suas melhores «ideias» apodrecem no caldo irracional de seus planos de lucros e seus modelos de negócios. Veremos quantos governos se tornam cúmplices de cada «acordo» engendrado nessa reunião. Por isso fundam reinos de espionagem desesperada e insolente, como neo-estratégias para reprimir e, especialmente, para semear provas falsas a quem desejem sacrificar em seus campos de guerra judicial. De suas aulas e laboratórios de pensamento, só emergem projetos de usura, evasão, fraude e desfalque.

    Não é má ideia, levar a sério o que se discuta nesse e em outros encontros. Observar de perto, decodificar suas mensagens evidentes e latentes. Sairão com a consigna de nos impregnar seu otimismo e de nos convencer de que eles são o melhor que nos aconteceu. Avançarão para a radicalização de seus protocolos de pilhagem e exploração, com modalidades retóricas «novas», carregadas com campanhas mediáticas e para um modelo de controle que lhes cresce desigualmente. Hoje vemos seu rosto com mais nitidez histórica e vemos sua inclinação que, não livre de ameaças, carrega a advertência de uma época pior. Nem tudo na queda do capitalismo é «noite e silêncio». Pelo contrário, para os povos é claridade e fortaleza, porque nasce, firme, a certeza de que outro mundo é possível, necessário e urgente. Se dermos atenção a nossas debilidades como se deve.


  nternet@granma.cu  13 de Novembro de 2022 

*Marcia é integrante do Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba




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