24 de nov. de 2022

Uma cúpula neofascista em Nossa América : Declaração da Casa de las Américas

                                         

Declaração da Casa das Américas


   Diante do triunfo na América Latina de governos progressistas apoiados na fé em mudanças reais e do descontentamento com as políticas devastadoras promovidas por seus adversários, era de se esperar que a direita empreendesse o contra-ataque.

   Como parte disso, nos dias 18 e 19 de novembro – convocada pela Conferência Política de Ação Conservadora (CPAC) – acontecerá no México uma cúpula dos derrotados na qual Mauricio Macri, José Antonio Kast, Keiko Fujimori e Eduardo Bolsonaro (filho do destronado Jair), e em que personagens como Luis Fernando Camacho, Steve Bannon e Lech Walesa não ficarão de fora.

 Basta olhar os nomes para perceber que hoje não se trata de competir com aquela direita esclarecida que defendia os chamados valores liberais; mas para enfrentar a reação mais aberta e até o neofascismo.

 A direita na América Latina e no Caribe, bem a conhecemos, é uma guardiã da democracia quando as regras do jogo a favorecem. Mas se teme perder mais do que uma eleição, alguns privilégios, recorre descaradamente ao mais amplo espectro de violência, incluindo golpes de Estado (militares ou judiciais) e, quando for o caso, também torturas, desaparecimentos e massacres. Só depois de consolidado seu poder é que ela volta a mostrar um rosto aparentemente mais gentil, até que as circunstâncias a levem a apelar para seu lado feroz novamente.

  Hoje o mundo assiste a um crescimento alarmante dessa extrema direita racista e xenófoba que alimenta o ódio por meio da mídia e das redes sociais, abomina os imigrantes e as minorias, assim como os moderados reformistas. Usa a mentira como arma para tentar apagar o que a história e a cultura construíram ao longo dos séculos.

  As esperançosas vitórias da esquerda nos últimos anos em nossa região devem ser defendidas. Cabe a nós desmascarar todas as armadilhas e conspirações que ameaçam os esforços para expandir a justiça social e as reivindicações dos pobres da terra.

   Roberto Fernández Retamar, no último texto que escreveu "Notas sobre a América", se perguntava qual seria o destino de um mundo mergulhado na barbárie por aqueles que consideram os outros seres inferiores e os tratam como tal, da mesma forma que os nazistas.

  Para evitar que esta barbárie se naturalize e prevaleça, a Casa de las Américas convoca seus amigos do Continente, todas as pessoas honestas dos mais diversos signos políticos, a unirem suas vozes para denunciar esta nova ofensiva fascista, por nossos mais elementares direitos, nossa dignidade e nossas vidas.


Havana, 17 de novembro de 2022


Enviado por Claudio Negrão

p/ Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba

                          


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