23 de mar. de 2016

VAMOS FALAR DE VIOLAÇÃO DE DIREITOS HUMANOS E PRESOS POLÍTICOS EM CUBA: O DIÁRIO DE HORROR ESCRITO POR UM PRESO DE GUANTÁNAMO


Base Naval dos EUA, mantida de forma ilegal na Baía de Guantánamo, território cubano, ficou muito conhecida por escândalos de mortes e torturas aos presos. Mohamedou Ould Shlahi relata em um livro as torturas e humilhações a que foi submetidoimpostas 
Mohamedou Ould Shlahi, preso na base estadunidense de Guantánamo.
No segundo ou terceiro dia de sua chegada à prisão de Guantánamo, Mohamedou Ould Shlahi entrou em colapso em sua cela. "Continuamente vomitava e por isso ficou totalmente desidratado", conta em um livro que chegou às livrarias no dia 20 de janeiro de 2015, sobre o prisioneiro número 760, da terrivelmente notória prisão onde os EUA encarceram supostos terroristas após os ataques de 2001.

Shlahi continua preso na mesma cela em que escreveu suas memórias de horror sem que tenham provado qualquer crime. Antes de chegar em Guantánamo, ele havia sido interrogado durante nove meses, primeiro na Jordânia e em seguida na base aérea dos EUA em Bagram, no Afeganistão.

Só as disputas jurídicas pelo "Diário de Guantánamo", de Slahi, é um explosivo que pode ocupar 466 páginas escritas à mão. Por mais de seis anos seus advogados lutaram para conseguir que fosse publicado o manuscrito, sempre sob os protocolos rigorosos do exército dos EUA: o texto foi guardado em um local seguro perto da capital Washington, e só é permitido seu acesso aqueles que disponham possuídos das máximas competências de segurança no país. Além disso, antes da publicação foram tiradas e censuradas páginas inteiras.

A parti da publicação do livro veio à luz uma versão detalhada e tímida de um dos capítulos mais tenebrosos da história dos militares estadunidenses, apenas alguns meses depois um relatório do Senado descreveu como tortura alguns dos métodos de interrogatório usados pela CIA após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001.

A história de Slahi se une esses relatos horríveis com perturbadoras imagens das câmaras de tortura de Guantánamo: foi intimidado, humilhado, desmoralizado e assim, forçado a confessar através da privação do sono. Ele sofreu,segundo conta, interrogatórios intermináveis, confinamentos em câmara fria, espancamentos, insultos e humilhações.

"De repente entrou uma equipe de comando composta por três soldados e um cão pastor na nossa sala de interrogatório," descreve Slahi, que conta como dois homens totalmente encapuzados o golpearam brutalmente no rosto e nas costelas. "Vendem os olhos do filho da p ... se ele olhar", gritou um e então alguém bateu-lhe com força no rosto e, em seguida, cobriu os olhos, os ouvidos e colocou um saco na sua cabeça e o amarrou.

"Eu não disse nada, estava totalmente dominado pela surpresa e convencido de que naquele momento iriam me executar", escreve Slahi, que foi então arrastado para fora e jogado em um caminhão, depois seguiu em uma viajem de barco pelo mar do Caribe onde continuaram as torturas.

"O comando de tortura continuou por mais três ou quatro horas e depois me entregaram a outra equipe que utilizava outros métodos de tortura", conta Slahi. O obrigaram a beber água salgada, encheram suas roupas com cubos de gelo desde o pescoço até os tornozelos para fazê-lo sofrer, ao mesmo tempo que apagavam os vestígios dos golpes anteriores.

O comando, conforme relatado por Slahi, agiu sob ordens das mais altas instâncias. Donald Rumsfeld, secretário da Defesa do presidente George W. Bush, estava familiarizado com as ações e ordenou o aumento da pressão contra suspeitos de conspiradores da Al Qaeda com interrogatórios mais intensos.

"Não mostrem piedade. Aumentem a pressão. Leve-o à loucura", cita Slahi, o que disse um dos guardas. O mesmo prisioneiro desenvolveu a sua própria estratégia na prisão: "Me mostrava cada vez com mais medo, como era na realidade." Porque se não, eles teriam me tratado ainda pior, diz ele. Continuamente pensava em sua família. Após anos de isolamento, ele hoje está autorizado a retomar contato.

Na ocasião do lançamento do livro em Londres, seu irmão Yahdih Ould Slahi assegurou sua inocência e afirmou que isso o fará resistir. "Se eu tivesse que falar sobre tudo o que tem sofrido minha família ficaria aqui até amanhã."

Yahdih, que vive na Alemanha, soube que seu irmão estava em Guantánamo pelos meios de comunicação. No início, a família na Mauritânia não queria acreditar, mas depois veio a primeira carta da prisão. "A primeira carta foi muito, muito difícil para nós." Quando Mohamedou Slahi pode falar pela primeira vez com a família por Skype, todos choraram. O livro é a derradeira salvação para a família, que está orgulhosa dele. "Nossas mulheres e crianças deixaram de chorar."


Fonte: DPA

Via: Clarín
Clarin.com
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