Por Carmen Diniz*
Na última quarta-feira (23/06) o mundo
mais uma vez declarou em alto e bom som na Assembleia Geral das Nações Unidas
(AGNU) : NÃO AO BLOQUEIO A CUBA. Pela 29º vez, desde 1992, a quase
unanimidade do países membros das Nações Unidas votou pelo fim do bloqueio que
os EUA impõem a Cuba há seis décadas. A Organizaçao das Nações Unidas (ONU)
conta com 193 países e se 184 países votam a favor de uma Resolução apresentada
por um país, somente dois votam contra e três se abstém, isso teoricamente significa que o bloqueio
foi eliminado, certo? Infelizmente não é assim que funciona a AGNU. Embora
devesse ser.
O fato é que o resultado de uma votação na AGNU tem caráter de recomendação,
sem obrigatoriedade, não há previsão de sanção pelo seu não cumprimento. O
governo dos EUA ignora solenemente a vontade de 97% dos países, se isola e não
cumpre o que o mundo condena. Não se
trata do poder de veto que possuem no Conselho de Segurança (não há essa figura
na AG) que impediria o cumprimento, mas também é fato que a posição dos EUA conta e muito.
Basta que se imagine os papéis invertidos e qual seria o resultado. Por
esse e outros motivos muitos países discutem a ‘refundação’ da ONU nesta atual configuração
mundial da geopolítica e qual sua importância – e de que democracia se trata em
seu âmbito.
Desde 1992 os países condenam o
bloqueio e este ano quando o atual
presidente Biden prometera reverter as medidas desumanas que Trump havia
imposto a Cuba, os EUA pronunciam um
voto extremamente hipócrita e mentiroso com a clara finalidade de manter o
bloqueio ao povo cubano. Em 2016 pela primeira vez EUA se absteve . Biden era
vice de Obama na ocasião e não houve nenhum voto contra Cuba então. Neste ano de
2021 ficou assim :
A
favor do bloqueio, como sempre, EUA e Israel (seu aliado no Oriente Médio).
Nenhuma novidade, são os únicos que votam dessa forma desde 1994. Em sua quase unanimidade, 184 países
condenaram o bloqueio e foram 3 abstenções : Colômbia, Ucrânia e Brasil.** :
O
governo da Colômbia causou decepção pelo
fato de Cuba ter sediado e incentivado representantes do governo colombiano e
oposição em um acordo de paz sustentado
por 4 anos em Havana ( http://www.ihu.unisinos.br/185-noticias/noticias-2016/559309-governo-da-colombia-e-farc-fecham-historico-acordo-de-paz-em-havana).
O
governo da Ucrânia demonstrou seu desdém por uma das maiores demonstrações de
solidariedade que o mundo já testemunhou : o apoio do governo de Cuba ao
tratamento às Crianças de Chernobyl vítimas do desastre na usina nuclear
ucraniana (https://solidariedadecubarj.blogspot.com/2020/10/as-criancas-de-chernobyl.html ).
O governo do Brasil que em 2019 votou contra Cuba em uma atitude totalmente contrária a todas as suas votações, à sua tradição, à tradição de nossas relações diplomáticas e contra sua própria Constituição, desta vez se absteve. Decepciona esse voto também vergonhoso em “retribuição” ao Programa Mais Médicos que tantas vidas salvou nos rincões do país comprovando o pouco caso pelas vidas brasileiras (https://www.brasildefato.com.br/2020/10/04/medicos-cubanos-recebem-apoio-do-grupo-de-puebla-por-atuacao-no-brasil).
De se ressaltar que os referidos votos
são dos governos e não de seus respectivos povos e para nossa sorte, povo e
governo cubanos sabem muito bem que os povos não estão ali representados. O
povo colombiano opositor ao governo colombiano que mata diariamente, as mães
das crianças de Chernobyl, o povo
brasilerio que foi atendido pelos cubanos – e os que não foram também se
votassem o fariam pelo fim do bloqueio.
Então, para que serve a AGNU ? Serve para caminharmos para frente, para não desistir, para mostrar ao mundo que estamos do lado certo, para poder agradecer a Cuba por tanta solidariedade , e, acima de tudo, para pressionar e isolar o império. Mais cedo ou mais tarde este desumano bloqueio cairá. E VENCEREMOS !!!! Cuba não está sozinha !
*Integrante do Comitê Carioca
de Solidariedade a Cuba
**Houve um erro no placar da votação da ONU
que inseriu como abstenção os Emirados Árabes Unidos . Na verdade a abstenção
foi do Brasil.
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